O que não esperar do ano novo

Há pelo menos quatro coisas que não se resolvem automaticamente com a passagem do ano: culpa, saudade, arrependimento e piedade. Mesmo assim, tenho observado que há resoluções pequenas que podemos tomar para que elas sejam renovadas manualmente. 

CULPA é um sentimento peculiar do ser humano, avisando que algum tipo de transgressão aconteceu. Sentir-se culpado por ter dito ou feito algo na hora errada ou à pessoa errada compromete nossa habilidade de se alegrar e ter prazer em qualquer outra coisa. 

O ano novo não tem nenhum efeito automático na remoção da culpa, mas podemos manual e intencionalmente tomar decisões práticas: 1) Converse com alguém mais experiente e certifique-se de que sua culpa é justificada. Há muitas pessoas que sofrem com uma culpa injustificada. 2) Deixe a pessoa a respeito de quem você se sente culpado saber do seu sentimento. Você não faz ideia do poder que esse pequeno gesto tem. Há casos em que a própria pessoa lhe dirá que a culpa não procede. Ou, se for o caso, o pedido de perdão pode cumprir o seu papel. 3) Creia na eficácia do que Cristo fez. Se uma pessoa mais experiente já lhe disse que não há razão para tal culpa, se a pessoa envolvida já lhe disse que não há com que se preocupar, pare de viver com sentimento de culpa. 

SAUDADE é uma boa coisa até que se transforme em saudosismo ou apego doentio. Sentir saudade de quem já faleceu é um sentimento genuíno e saudável, mas não conseguir mais viver por causa da saudade já é um problema que precisa ser resolvido. Por definição, saudade é um sentimento que nos lembra das paixões que já tivemos. O motivo porque seres humanos sentem saudade é para lembrá-los de que a vida deve ser vivida com paixão e prazer. Se o que você faz ou tem hoje tem produzido saudade de outros momentos ou de outras pessoas, use isso para tomar decisões diferentes no ano que se inicia. Mas, lembre-se disto: saudade não traz de volta o passado, mas nos ajuda a não nos acomodarmos ao presente.

ARREPENDIMENTO é uma virtude quando nos faz abandonar o erro, mas é também vício daqueles que nunca estão satisfeitos com uma decisão tomada. Em ambos os casos, nada mudará automaticamente com o ano novo. Para que haja um arrependimento (virtude) é necessário tomar iniciativas reais e no momento certo. Busque ajuda para isso. Abandone o erro. Comece o ano novo com práticas novas. 

Quando for o caso de um arrependimento vicioso, é sempre bom se lembrar de que nem sempre alcançaremos a decisão perfeita. Quem coloca isso como objetivo de vida estará destinado a sofrer com o arrependimento. Tendo cumprido fielmente aquilo que estava ao seu alcance, descanse no Senhor. 

Por último, o mais importante. A PIEDADE não se renova com a passagem no ano. Ninguém dorme ímpio e acorda piedoso. A piedade genuína se constrói mediante uma rotina saudável e realista que estabelecemos para nós mesmos. Piedade genuína geralmente não significa uma cópia de um modelo que admiramos. PIEDADE é fruto de nossa intimidade com Deus. Reveja suas metas. Considere alternar seus “heróis”. Ninguém é perfeito. 

Tendo dito isso, tenha um feliz ano novo!

Daniel Santos

 

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Professor, pesquisador e pastor. Amo ouvir, refletir e divulgar boas ideias. Creio, sigo e sirvo o Deus que se revelou nas Escrituras do Antigo e Novo Testamentos.

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