30 Dias Lendo e Orando os Salmos

Sejam bem-vindos à primeira edição da série Projetos de Leitura Bíblica. Esse roteiro nos salmos será o nosso projeto piloto, por meio do qual esperamos receber comentários e críticas sobre como podemos melhor adequar o material à sua necessidade. Este roteiro de leitura tem como objetivo desenvolver disciplina para ler os salmos e incorporá-los às nossas orações. Os salmos selecionados para essa edição do projeto contemplam diversas situações: indignação, sofrimento, enfermidade, arrependimento, gratidão e louvor. Cada salmo nos ensinará abordagens e atitudes diferentes, além de expectativas diversas em relação àquilo que Deus pode fazer.

O roteiro seguirá sempre um padrão definido, contendo três etapas: leitura, interpretação e aplicação.

A primeira etapa consiste da leitura integral do salmo designado para cada dia. Use a versão de sua preferência. O roteiro não está vinculado a nenhuma versão em particular. Por ser um projeto “de leitura”, é indispensável que você leia o texto designado antes de começar a atividade.

A segunda etapa consiste de perguntas indutivas para orientar o processo de interpretação. Há duas maneiras de responder às perguntas: a) você pode tentar descobrir por conta própria e depois conferir as respostas, ou b) você pode iniciar pelas respostas, e depois tentar identificar no texto aquilo que elas apontam. Quem optar por iniciar com as respostas pode, mais adiante, inverter a ordem quando se sentir mais confiante.

A terceira etapa consiste da composição de uma oração com suas próprias palavras, porém reutilizando a linguagem, os conceitos e os pedidos aprendidos em cada salmo. Ao final dessa jornada, espera-se que o leitor tenha adquirido a habilidade e o hábito de ler, interpretar e aplicar os salmos no aprimoramento de suas orações e de seu relacionamento com Deus.

O que é um Roteiro de Leitura Bíblica?

Daniel Santos | Geimar Lima

Índice dos Roteiros.

Se você está começando, clique em “Dia 1”.
Se já começou, continue clicando no respectivo dia de sua devocional:

Dia 1 – Salmo 5
Dia 2 – Salmo 7
Dia 3 – Salmo 9
Dia 4 – Salmo 6
Dia 5 – Salmo 141
Dia 6 – Salmo 79
Dia 7 – Salmo 12
Dia 8 – Salmo 27
Dia 9 – Salmo 3
Dia 10  – Salmo 36
Dia 11 – Salmo 124
Dia 12 – Salmo 4
Dia 13 – Salmo 28
Dia 14 – Salmo 57
Dia 15 – Salmo 2
Dia 16 – Salmo 8
Dia 17 – Salmo 24
Dia 18 – Salmo 10
Dia 19 – Salmo 54
Dia 20 – Salmo 13
Dia 21 – Salmo 70
Dia 22 – Salmo 01
Dia 23 – Salmo 11
Dia 24 – Salmo 14
Dia 25 – Salmo 15
Dia 26 – Salmo 16
Dia 27 – Salmo 84
Dia 28 – Salmo 17
Dia 29 – Salmo 108
Dia 30 – Salmo 18

 


1º Dia – Salmo 5

Esse salmo é uma oração que nos ensina a conversar com Deus quando nos vemos indignados a respeito de pessoas que agem de forma arrogante. Como expressar esse tipo de sentimento em nossa oração? Neste salmo encontraremos alguns exemplos de linguagem e expressões pertinentes para discutirmos esse tipo de assunto com Deus.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
  2. Quais atributos de Deus conhecemos nesse salmo?
  3. Como esse salmo nos ensina a pedir?
  4. Como esse salmo nos ensina a esperar?
  5. Como esse salmo nos ensina a orar?

Respostas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

A primeira habilidade que queremos desenvolver nessa jornada é o uso correto de expressões e palavras que são adequadas para conversarmos com Deus em situações específicas. Saber o tipo de linguagem a ser usada é sinônimo de intimidade. Quando conhecemos bem uma pessoa, sabemos quais palavras são adequadas. Geralmente esse tipo de informação aparece no início de cada salmo, mas pode também aparecer em outros lugares. Com isso em mente, leia o salmo 5 e responda: Quais foram os termos que o salmista utilizou nesse salmo para se dirigir a Deus num momento de aflição?

Dá ouvidos às minhas palavras;
Acode ao meu gemido;
Escuta a minha voz que clama, pois te imploro. (vv. 1-2)

2. Quais atributos de Deus conhecemos nesse salmo?

Ao ler um salmo, não devemos observar apenas o quê e como o salmista pede, mas também devemos estar atentos aos aspectos do caráter de Deus que foram mencionados. Na verdade, esse é um ponto central na oração: quanto mais conversamos com Deus, mais conhecemos quem ele é. Além disso, ao ler as orações contidas nos salmos, nos beneficiamos daquilo que outras pessoas conversaram com Deus. Liste alguns aspectos do caráter de Deus que o salmista nos faz saber nesse salmo.

Deus não se agrada com a iniquidade;
Com Deus o mal não subsiste;
À presença de Deus, os arrogantes não permanecerão;
Deus aborrece a todos os que praticam a iniquidade;
Deus destrói os que proferem mentira;
O Senhor abomina ao sanguinário e fraudulento (vv. 4-6);
O Senhor abençoa o justo (v. 12).

3. Como esse salmo nos ensina a pedir?

Os salmos são orações e, por isso, em algum ponto o salmista fará um pedido. Nem tudo o que é pedido nos salmos recebe uma resposta positiva. Use essa terceira etapa para aprender o que pedir em situações semelhantes àquelas em que o salmista se encontrava. Liste alguns exemplos daquilo que o salmista pediu nesse salmo, considerando ser este um salmo de lamento.

Guia-me na tua justiça (v. 8);
Endireita diante de mim o teu caminho (v. 8);
Declara-os culpados (v. 10);
Regozijem-se todos os que confiam em ti (v. 11)

4. Como esse salmo nos ensina a esperar?

Um dos grandes segredos revelados nas orações registradas no livro dos salmos é a arte de saber esperar. Há diversos salmos que expressam inclusive a indignação do salmista pela demora de Deus. Mesmo nesses salmos encontramos dicas de como aguardar o modo e o tempo em que Deus responderá às nossas orações. No caso desse salmo, sua decisão contém dois elementos: 1) ele se compromete a estar na casa de Deus, ou seja, na companhia de outras pessoas que o temem e, por isso, podem estar igualmente esperando uma resposta do Senhor; 2) ele se compromete a manter sua postura de adoração (“me prostrarei”) e não de ansiedade, pressa, irritação ou indiferença.

Entrarei na tua casa;
Me prostrarei diante do teu santo templo (v. 7).

5. Como esse salmo nos ensina a orar?

Use os elementos aprendidos nesse salmo de lamento e escreva sua própria oração. Veja no exemplo a seguir o modo como podemos intercalar os conceitos e a linguagem bíblica para construir a nossa própria oração. Ao compor sua oração, não se esqueça de destacar os conceitos que o salmo em questão te ensinou. Após ler o exemplo piloto, tente compor a sua própria oração.

Ó Deus, dá ouvidos às minhas palavras
Acode ao meu gemido,
Escuta a minha voz que clama,
Pois tenho implorado há muito tempo.

Após ter lido esse salmo hoje,
Agora eu sei que Tu não te agradas com a iniquidade
O mal não subsiste contigo.

Por isso, ó Deus, eu te peço:
Guia-me na tua justiça,
Não me deixes fazer justiça com as minhas próprias mãos.
Não me deixes reagir como quem não conhece ou não aceita a tua justiça.
Endireita diante de mim o teu caminho,
Porque do jeito como está, não faz o menor sentido para mim,
Se o que está acontecendo é parte dos teus caminhos,
Ajuda-me a ver com mais clareza,
Para que eu não tropece ou saia dos teus caminhos.

Como eu não sei como e quando tu farás isso,
Ajuda-me a não me afastar de tua casa,
Para que junto com os que temem o teu nome,
Eu possa aguardar o teu agir de forma submissa.
Certo do que a tua palavra me ensina,
De que tu abençoas o justo,
E, como escudo, o cerca da tua benevolência,
Eu rogo pela tua bênção e benevolência,
No nome e nos méritos de teu filho Jesus, Amém.

Daniel Santos

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2º Dia – Salmo 7

Esse salmo é uma oração que lida com acusações que nossos inimigos levantam contra nós. Embora o título do salmo mencione Cuxe como sendo o inimigo em questão, quando lemos o texto os inimigos são apresentados no plural. De qualquer forma, o centro do problema tratado nesse salmo é a perseguição que tem sido arquitetada contra o salmista em forma de acusações. Vejamos o que podemos aprender com a linguagem, conteúdo, pedidos e expectativas do salmista.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Como esse salmo nos ensina a orar?

Respostas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

Considerando ser esse um salmo onde o salmista irá expressar sua indignação em relação às acusações que ele tem recebido, alguns poderiam esperar que a linguagem usada pelo salmista para se dirigir a Deus fosse mais fria e distante. Quando estamos consumidos pela indignação, é comum nos esquecermos do tipo de relacionamento que temos com o nosso Deus e focarmos mais em nossa própria vida. Contrariando essa expectativa, o salmista usa uma linguagem que demonstra intimidade com o seu Deus.

Senhor, Deus meu, em ti me refugio; (v. 1)
Senhor, meu Deus (v. 3)
Senhor altíssimo. (v. 17)

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?

Ao ler o salmo 7 ficamos sabendo de várias características do caráter de Deus que ajudaram o salmista e momentos de indignação causada pelos seus inimigos.

Deus julga os povos (v. 8)
Deus salva os retos de coração (v. 9)
Deus é justo juiz e sente indignação todos os dias (v. 11)
Se o homem não se converter (retratar), Deus afiará a espada… (vv. 12-16)

Considerando ser este um salmo de lamento, onde o salmista se queixa da acusação feita por seus inimigos, observe as características do caráter de Deus que ele nos ensina. Esses quatro itens são conceitos claros e contundentes. Os que se encontram em situações semelhantes à do salmista se beneficiariam muito em reutilizar tais conceitos em suas orações.

3. Como os pedidos do salmo nos ajudam a pedir?

O salmo 7 contém um exemplo curioso do que que pedir a Deus em situações de indignação como a que vemos aqui. Nos versos de 3 a 5 o salmista propõe um teste. Confira os detalhes:

Se eu fiz o de que me culpam,
Se nas minhas mãos há iniquidade,
Se paguei com o mal a quem estava em paz comigo

Persiga o inimigo a minha alma e alcance-a,
Espezinhe no chão a minha vida,
Arraste no pó a minha glória (vv. 3-5)

Propor um teste como esse a Deus não significa que ele irá usá-lo e nem que esta é a melhor maneira de resolver o nosso dilema. Todavia, esse é um tipo de teste que alguém só sugere a Deus se estiver muito certo de que seus passos não se afastaram dos caminhos do Senhor. Veja que o salmista demonstra ter confiança no que propõe, pois ele acrescenta ainda “julga-me segundo a minha retidão e segundo a integridade que há em mim” (v. 8). De qualquer forma, não deixa de ser uma maneira legítima de se dirigir a Deus.

Outro pedido feito pelo salmista que é comum nos salmos de lamento é a manifestação da ira de Deus. Pedido como este não deve ser entendido como contraditório com a advertência de amar nossos inimigos, pois segundo o salmista, ele está pedindo isto porque sabe que existe um “juízo designado” pelo próprio Deus.

Levanta-te, Senhor, na tua indignação,
Mostra a tua grandeza contra a fúria dos meus adversários,
Desperta-te em meu favor, segundo o juízo que designaste (v. 6)

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

Os salmos de lamento comumente terminam com um tom de esperança. Os que esperam o agir de Deus o fazem com espírito manso e não com desejo de vingança. Em nosso salmo, o exemplo dado ilustra bem isso.

Eu, porém, renderei graças ao Senhor, segundo a sua justiça,
E cantarei louvores ao nome do Senhor Altíssimo (v. 17)

5. Como esse salmo nos ensina a orar?

Use os elementos aprendidos nesse salmo de lamento e escreva sua própria oração. Veja no exemplo a seguir o modo como podemos intercalar os conceitos e a linguagem bíblica para construir a nossa própria oração. Ao compor sua oração, não se esqueça de destacar os conceitos que o salmo em questão te ensinou.

Senhor Deus, Deus altíssimo,
Tu sabes que não tenho ninguém mais para recorrer,
Tu és o meu único escudo no momento
E é o melhor escudo que alguém poderia ter.
Senhor Deus, meus inimigos estão me atacando sem piedade
Eles estão acabando comigo, estão me atingindo por todos os lados.
Há meses tenho passado por isso e nada mudou.
É possível que nada mudará se tu não agires.
Senhor, eu sei que és altíssimo.
A tua palavra me ensina que tu julgas os povos (v. 8)
Tu salvas os retos de coração (v. 9)
Tu és justo juiz e sentes indignação todos os dias (v. 11)
Por que não ages contra eles?
Por que não mostras o teu justo juízo para que saibam que só tu és Deus?
Eu sei que tu não és um Deus que se sente intimidado ou desencorajado pela teimosia dos inimigos.
A tua palavra me ensina que se o homem não se retratar), tu tens tuas próprias armas de ataque. (vv. 12-16)
Enquanto isso, seguirei grato pela tua justiça,
E louvando o Deus que és.
É somente no méritos de Cristo que tenho a liberdade de fazer essa oração.

Amem.

Daniel Santos

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3º Dia – Salmo 9

Esse salmo é geralmente classificado dentro da categoria de ação de graças. O motivo porque ele está dando graças tem a ver com seus inimigos. Ele não está agradecendo pelos inimigos, mas pelo que Deus fez com seus inimigos. Vejamos o que podemos aprender com a oração de Davi nesse salmo.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Como usar o que aprendi hoje em minha oração?

Respostas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

Nesse salmo a linguagem usada para se dirigir a Deus não muda muito. O salmista usa o termo “Senhor” e também “altíssimo”. Já vimos isso acontecendo em salmos anteriores. Hoje eu gostaria que você observasse algum exemplo de linguagem utilizada pelo salmista para pedir alguma coisa, que pode parecer inapropriada aos nossos olhos.  Levanta-te, Senhor!  (v. 19). O que você acha dessa maneira utilizada pelo salmista para pedir que Deus se levante? Você acredita que nós hoje poderíamos utilizar o mesmo tipo de linguagem?

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?

O que aprendemos sobre Deus nesse salmo? A lista é longa. Lembre-se de que aquilo que aprendemos sobre Deus se torna a base para o que pediremos ou esperaremos de.

Deus sustenta o direito e a causa do salmista (v. 4)
Deus se assenta no seu trono e julga retamente (v. 4)
Deus repreende as nações, destrói o ímpio e apaga seu nome para sempre (v. 5)
Deus julga o mundo com justiça (v. 8)
Deus administra o os povos com retidão (v. 8)
Deus é alto refúgio para o oprimido (v. 9)
Deus não desampara os que o buscam (v. 10)

3. Como os pedidos dos salmos nos ensinam a pedir?

Embora seja um salmo de ação de graças, a lista de pedidos feitos e o tipo de pedidos são inesperados e impressionantes. Vejamos a lista.

Cantai louvores ao Senhor (v. 11)
Proclamai entre os povos os seus feitos (v. 11)

Esses dois pedidos não são dirigidos a Deus, mas aos que estavam aos que ouviram essa oração pela primeira vez ou aos adoradores em Israel que liam esse salmo. Isso releva um aspecto coletivo e comunitário de alguns dos salmos; eles foram escritos para desafiar e encorajar outros ao redor a fazer algo em relação ao que sabemos sobre Deus. Nesse caso o desafio é o de tornar conhecido entre os povos aquilo que Deus fez, mais especificamente a lista que acabamos de fazer no item 2.

Compadece-te de mim (v. 13)
Vê a que sofrimento me reduziram os que me odeiam (v. 13)

Esses dois pedidos no verso 13 são dirigidos a Deus e descrevem a situação do salmista na ocasião. Todavia, o fato de ele pedir compaixão é uma evidência de que o castigo ou sofrimento têm origem merecida. Vejamos se essa expectativa se concretizará no restante do salmo.

Levanta-te, Senhor; não prevaleça o mortal! (v. 19)
Sejam as nações julgadas na tua presença!
Infunde-lhe o medo! (v. 20)

Eis alguns pedidos que não temos o costume de trazer diante de Deus. O primeiro deles pode parecer inconveniente o desejo querer apressar o que Deus está fazendo, como se ele não soubesse a hora de se levantar e agir. De qualquer forma, o pedido é legítimo e recorrente; ele se repete 6 vezes no livro dos salmos (3.8; 7.7; 9.20; 10.12; 17.13 e 132.8). Os dois pedidos seguintes parecem sombrios, mas o objetivo é justo: “para que as nações saibam que não passam de mortais” (v. 20).

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

Esse salmo é realmente curioso; ele reúne uma mistura de louvor a Deus com uma expectativa de ver a destruição e o sofrimento dos inimigos. Como alguém com tais sentimentos consegue esperar Deus agir? Aparentemente, Deus não imediatamente quando solicitado em casos como esses. Daí a exclamação do salmista “levanta-te, Senhor!”. Como o salmo descreve a atitude de espera do salmista? A resposta parece-me estar relacionada com os versos 11-18, pois descrevem a convicção do salmista fundamentando aquilo que ele pediu. Ou seja, ele aguarda descansado nessas convicções. Quais são elas?

As nações se afundam na própria cova (v. 15)
O juízo do Senhor amarra os ímpios em suas obras (v. 16)
Os perversos serão lançados no inferno (ou sepultura) (v. 1)
O necessitado e o aflito não serão esquecidos para sempre (v. 18)

5. Como colocar em prática?

Como compor a sua própria oração com os conceitos que aprendemos nesse salmo? Redija com suas palavras, mas use os conceitos discutidos acima. Veja um exemplo:

Senhor Deus, já não é a hora de levantares e fazer alguma coisa?
Quanto tempo mais veremos os perversos prevalecendo?
Quanto tempo mais os veremos achando viverão para sempre?
Tem misericórdia, Senhor, age em nosso favor.
Pois a tua palavra me ensina que tu assentas no teu trono para sempre e julgas retamente.
Além disso, sabemos que tu és refúgio para o oprimido e não desampara os que o buscam.
Compadece-te de mim, Senhor, e veja o sofrimento que eles têm me causado.
Levanta-te, Senhor; não prevaleça o mortal!
Sejam as nações julgadas na tua presença!
Infunde-lhe o medo!
Para que os que comigo louvam saibam:
Que as nações se afundam na própria cova,
Que o juízo do Senhor os amarra em suas próprias obras,
Que serão lançados no inferno
Que o necessitado e o aflito jamais serão esquecidos.
Todas essas coisas pedimos no mérito e no nome de Cristo,

Amém.

Daniel Santos

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(4º Dia) Salmo 6

Este salmo é a oração de lamento de quem que chegou ao limite das suas forças. Nele, o salmista apresenta pelo menos duas situações adversas de ordem externa: 1) sua saúde física está debilitada (v. 2); 2) era perseguido por inimigos (v. 7). Porém, a raiz de seus problemas parece ser mais profunda e interna: o Senhor estava irado e, ao menos, havia se distanciado de quem agora orava. Por isso, o salmista tem um pedido específico: “Volta-te, Senhor” (v. 4). Muitos acreditam que este Salmo retrata o mesmo período do Salmo 3, ou seja, Davi estava fugindo do seu filho Absalão. Esta informação histórica nos ajuda a entender porque o salmista faz o pedido para Deus voltar e ter compaixão. Seu pecado com Bate-Seba que levou à perseguição de Absalão fez com que o Senhor contra ele se irasse. Com este contexto, leia o salmo e depois responda as perguntas abaixo. Ao finalizá-las veja as nossas respostas depois das perguntas.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

Podemos ver que a linguagem utilizada por Davi revela a angústia do seu coração. Como um lamento, possui dois elementos que o caracterizam: 1) descrição da situação adversa; 2) súplicas. Uma vez que identifica a distância do Senhor, as palavras utilizadas demonstram a intensidade da sua angústia devido ao seu estado. À noite, sem conseguir dormir por causa dos seus erros, o salmista declara que sua “alma estava profundamente perturbada” (v. 3) e que alagava de lágrimas a sua cama (v. 6).

2. Quais são os atributos de Deus que ficamos conhecendo no salmo?

Neste salmo, o caráter de Deus é o que ajuda o salmista a entender que seu sofrimento possui causas muito mais profundas do que a perseguição dos inimigos ou uma saúde fraca. Primeiro, ele reconhece que Deus está irado contra ele (v. 1). Porém, ao mesmo tempo que reconhece a ira, ele também clama pela misericórdia (v. 2)

Ter esta consciência de que o Senhor pode estar irado, bem como de que ele pode se compadecer, com certeza são conceitos que devem nortear nossas orações, principalmente aquelas em que confessamos os nossos pecados ou lamentamos nosso “esfriamento” espiritual. Uma vez que, possivelmente, o salmo retrata o período de Davi imediatamente após seu adultério, entendemos que ao lamentar sobre sua situação, Davi também pedia perdão por sua falta..

3. Como os pedidos do salmo nos ajudam a pedir?

Há um pedido feito pelo salmista que é curioso e parece ousado demais: “Até quando, Senhor?” (v. 3). Dificilmente questionaríamos Deus sobre nossa situação. Porém, se lembrarmos que estamos orando ao Deus que é misericordioso, podemos entender que esta pergunta feita pelo salmista se refere a um relacionamento entre o servo e seu Senhor que já existia, mas estava abalado. Sua pergunta é “até quando, Senhor, estarás indignado?” (veja Sl 13.1; 90.13). Por isso, complementa: “Volta-te, Senhor […] salva-me por tua graça” (v. 4). Assim, o “até quando” não se refere à duração das dificuldades externas, mas à duração da ira de Deus, algo que o salmista não podia suportar.

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

O salmista apresenta aspectos de sua vida cuja solução poderia esperar ou ao menos que ele poderia suportar e um aspecto cuja solução precisava ser urgente. Esta perspectiva parece se resumir em sua surpreendente declaração: “o Senhor ouviu a voz do meu lamento; o Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor acolhe a minha oração” (v. 7-8). O que explica tamanha confiança dentro de uma oração de lamento? O salmista teve seu pedido atendido. Qual foi ele? Volta-te, Senhor! Reestabelecer o relacionamento era urgente. Apesar de sua situação externa não mudar, pois ele ainda pediria para que seus inimigos se retirassem (v. 10), sua situação interna, que demandava resposta urgente, mudou, e isso foi suficiente para declarar: “O Senhor acolhe a minha oração”.

5. Colocando em prática

Senhor Deus, tu és santo.
E porque és santo, podes estar irado, por causa de meu pecado.
Hoje, sinto-me angustiado, pois percebo que meu erro me afasta de ti.
Senhor, tem compaixão de mim!
Não convertas a tua ira em um castigo que eu não possa suportar.
Restaura Senhor o relacionamento que tenho contigo.
Sara-me dos pecados que fazem separação entre mim e ti;
Dos meus erros que te fazem encobrir o rosto.
Senhor, eu sei que se não for por tua graça continuarei no mesmo estado em que estou.
Sei que agora ou quando estiver no limite de minhas forças, preciso da tua compaixão.
Por isso Senhor, não permitas que a minha situação se delongue até um ponto em que não posso mais suportar.
Oro, porque confio na tua misericórdia,
E sei que agora pela graça de Cristo, tu ouves a minha súplica.
Por isso, no nome dele faço esta oração. Amém.

Geimar Lima

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(5º Dia) Salmo 141

O salmo 141 contrasta dois estilos de vida e as consequências atreladas a ambos. Nele, o salmista ora para que o Senhor o salve de uma vida de impiedade e lhe dê sabedoria para que seu coração permaneça inclinado à vida de santidade. Os seus pedidos são tão específicos que sugerem que ele foi resgatado da prática da perversidade, porém estava sendo tentado a regressar aos erros passados. Este salmo nos ensina a respeito da necessidade de lutar contra a tentação por meio da oração e nos dá preciosos conselhos de como clamar pelo socorro do Senhor em horas como essa. Com este contexto, leia o salmo e depois responda as perguntas abaixo. Ao finalizá-las veja as nossas respostas depois das perguntas.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Após responder às perguntas acima, confira nossas próprias observações sobre elas abaixo. A partir delas, se achar necessário, reescreva a oração que acabou de fazer.

Respostas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

A forma e linguagem com que o salmista se dirige a Deus nos ajuda a entender os seus pedidos. Primeiro, sua oração adquire um tom de invocação para que o Senhor o salve, expressando a urgência de sua súplica: “SENHOR, a ti clamo, dá-te pressa em me acudir” (v. 1). Depois, ela é ajustada e tem seu tom modulado a fim de refletir os pedidos para manutenção de sua santidade atual que é agradável a Deus:  “Suba à tua presença a minha oração, como incenso” (v. 2)

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?

Deus é protetor. E este é o principal aspecto do caráter do Senhor que o salmista tem em mente ao orar. De forma interessante, o salmista clama pela proteção de Deus em dois contextos: 1) o que sempre pensamos, proteção contra os inimigos que armam armadilhas (v. 9). Aquele que costumamos esquecer, proteção contra as armadilhas de nosso próprio coração (Jr 17.9). Deus é protetor em ambas as instancias e o salmista faz questão de detalhar isso em seu pedido: “Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios. Não permitas que meu coração se incline para o mal” (v. 3-4).

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Uma das marcas deste salmo são seus pedidos incomuns, como para o Senhor vigiar a nossa boca. Porém, em tempos como os nossos, em que a individualidade impera e a prestação de contas ecoa como uma afronta, ele nos ensina a pedir a Deus para que o próximo nos auxilie a permanecermos buscando a santidade: “Fira-me o justo, será isso mercê; repreenda-me, será como óleo sobre a minha cabeça, a qual não há de rejeitá-lo”. (v. 5). Para o salmista, ter quem o repreenda é uma expressão de amor e motivo de alegria. Pois, uma vez que nosso coração é enganoso, muitas vezes somos incapazes de perceber que podemos estar trilhando um caminho mal. Um conselheiro ou um amigo com a mesma fé pode ser um instrumento do cuidado do Senhor nestas horas.

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

Na vida que agrada a Deus, espera e perseverança são dois lados da mesma moeda. A espera pela ajuda do Senhor jamais é passiva. É acompanhada da abstenção do mal e da confiança exercitada no Senhor. Veja as declarações do salmista: 1) “Continuarei a orar enquanto os perversos praticam maldade” (v. 5); 2) “Pois em ti, SENHOR Deus, estão fitos os meus olhos” (v. 8)

5. Colocando em prática

Senhor Deus, tu és o meu protetor,
Por isso, eu clamo: livra-me do mal
Guarda-me de pecar contra ti.
Moldando-me para que a minha vida seja agradável à tua presença.
Tu sabes, Senhor, que antes de conhecer, eu era escravizado pelo pecado.
Minhas palavras e meus atos refletiam a realidade de um coração inclinado para o mal.
Agora, no entanto, sei que existe e tenho desfrutado de um padrão de vida melhor.
Uma vida edificada sobre a justiça de Cristo e moldada pelo teu Santo Espírito.
Que anela pelos prazeres celestiais e repudia os prazeres terrenos.
Porém, tenho sido tentado a voltar as velhas práticas.
Satanás anda em redor de mim, disfarçando armadilhas pelo caminho.
Por isso, sei que só tu podes me ajudar.
Dá-me, Senhor, uma consciência aguçada para identificar o mal, mesmo que disfarçado.
Assim, também, nutre minha alma com a tua verdade,
Para que eu tenha forças para resistir à mentira.
Cerca-me de amigos que me exortem quando eu tropeçar,
E garanta, Senhor, que meu coração esteja disposto ao auxílio deles.
Enquanto isso, permanecerei confiando em ti,
Pois até aqui, é tu que me tens sustentado.
Por isso, continuo orando. Em nome de Jesus, amém!

Geimar Lima

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(6º Dia) Salmo 79

O salmo 79 é a oração de um povo que teve sua vida completamente modificada por uma tragédia. Nele, o povo lamenta pela destruição de Jerusalém e do templo, pela perda de familiares e amigos e pelo exílio na Babilônia. Porém, mais do que apenas um lamento esta oração é o esforço sincero daqueles que mantém a fé em Deus enquanto buscam compreender a razão dos eventos que abalaram sua vida.

Após ler o salmo e com o contexto acima, responda as seguintes perguntas: 1) como o salmista se dirige a Deus: quais as palavras e linguagem que utiliza em relação a ele? 2) como o salmista compreende o caráter de Deus no momento da oração? 3) destaque alguns pedidos que o salmista faz, como você pode os usar em sua própria oração? 4) como este salmo pode te ajudar a esperar pela resposta de Deus? 5) coloque em prática: escreva uma oração com base no que você aprendeu com este salmo.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Após responder às perguntas acima, confira nossas próprias observações sobre elas abaixo. A partir delas, se achar necessário, reescreva a oração que acabou de fazer.

Respostas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

Este salmo parece uma expressão desesperada de um apelo que é honesto. Sua linguagem inicial traduz a indignação de um povo separado da sua terra, dos seus familiares e do lugar onde estava o seu Deus (o templo de Jerusalém que foi destruído). Por isso, é uma oração que em suas palavras dirigidas a Deus revela a angústia de quem tenta entender o propósito do seu Senhor, enquanto permanece confiando nele.

Ó Deus, as nações invadiram a tua herança (v. 1)
Até quando, SENHOR? Será para sempre a tua ira? (v. 5)
Ó Deus e Salvador nosso (v. 9)

2. Quais os atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Três são as imagens utilizadas para descrever Deus e seu agir em relação a situação de angústia do seu povo: 1) ele é o salvador; 2) ele é o vindicador; 3) ele é o pastor. As duas primeiras são a base para os pedidos de justiça contra aqueles que infligiram o sofrimento. A última é a base da confiança no Senhor, mesmo em meio a esta dor.

Assiste-nos, ó Deus e Salvador nosso (v. 9)
Retribui, Senhor (v. 12)
Quanto a nós, teu povo e ovelhas do teu pasto,
para sempre te daremos graças (v. 13)

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Este salmo possuí diversos pedidos para que o Senhor vindique e, até mesmo, vingue a situação do povo. No entanto, não se resume a um apelo pela destruição do inimigo, mas dois desejos maiores são a razão deste: 1) o de libertação do cativeiro; 2) o de que o nome do Senhor seja honrado. Devemos pedir justiça de Deus contra os que corrompem, destroem e matam, porém o pedido não deve ser apartado do apelo por restauração de quem sofreu o dano e, principalmente, de que o Senhor seja glorificado tanto ao punir como ao restaurar.

Assiste-nos […] pela glória do teu nome;
livra-nos e perdoa-nos os pecados, por amor do teu nome. (v. 9)
Retribui, Senhor, aos nossos vizinhos, sete vezes tanto,
o opróbrio com que te vituperaram. (v. 12)

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

Os dois salmos anteriores apresentam Moisés e Arão (Sl 77.29) e Davi (Sl 78.70-71) como pastores do povo de Israel. Agora, no tempo da oração do Salmo 79, o povo estava no exílio e não tinha rei sobre si. Porém, sua oração demonstra que apesar dos tempos difíceis o cuidado do Supremo Pastor ainda era presente. Por isso, a espera pela libertação seria acompanhada de louvores e ações de graças.

Quanto a nós, teu povo e ovelhas do teu pasto,
para sempre te daremos graças;
de geração em geração proclamaremos os teus louvores (v. 13)

5. Colocando em prática.

Ó Deus, os tempos são difíceis para o teu povo.
Tua igreja tem sido ridicularizada pela sociedade e não poucas vezes atacada.
Os legisladores em muitos casos têm abandonado a verdade.
Legislam segundo os padrões deste mundo e até mesmo aceitam suborno.
Se a situação parece estar se dificultando para nós, o que dizer de nossos irmãos no campo missionário em lugares difíceis?
São presos por causa da verdade e muitos já tiveram o sangue derramado por amor ao teu nome e à tua Palavra.
Porém, Senhor, para vergonha nossa, sabemos que muitas vezes a ridicularizarão e os ataques que sofremos são culpa nossa.
O exílio foi porque o teu povo não permaneceu fiel a ti. Será que muitas vezes sofremos devido a mesma razão?
Por isso, pedimos: Perdoa os nossos pecados por amor do teu nome.
Não permita que desonremos o teu santo nome perante a sociedade.
Assim, também, salva-nos dos ataques intencionalmente planejados por aqueles que te odeiam.
Confiamos em ti Senhor, apesar das lutas e dificuldades.
Pois sabemos que Jesus Cristo, o Supremo Pastor, deu a vida pelas nós, ovelhas do seu rebanho.
É no nome dele que oramos. Amém!

Geimar Lima

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(7º Dia) Salmo 12

Esse salmo é um excelente exemplo de como as nossas preocupações podem estar muito fora de sintonia com aquilo que Deus se preocupa. É evidente que a linguagem utilizada no início do salmo revela um sentimento de desespero, mas quando continuamos lendo o salmo algo inesperado acontece. É exatamente essa mudança abrupta que me fascina nos salmos. Nem sempre aquilo que apresentamos diante de Deus como uma situação de vida-ou-morte, pedindo um socorro imediato, será respondido com a mesma urgência. Esse salmo tem muito o que nos ensinar sobre isso.

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

A linguagem que observamos nesse salmo não é comumente encontrada em no livro dos salmos. Expressões do tipo “socorro!” (v. 1) e pedidos do tipo “corte a língua deles” (v. 3) podem facilmente surpreender um leitor mais acostumado com o tom ameno e contemplativo dos salmos. Entretanto, os exemplos encontrados aqui nos ensinam que esse tipo de linguagem não é inapropriado quando estamos abrindo nosso coração com Deus. Pelo contrário, isso reforça a compreensão de que a oração é um diálogo e não uma repetição programada e previsível de frases de efeito.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Há três atributos de Deus mencionados nesse salmo:
Deus se levanta e salva aqueles que sofrem com a opressão dos necessitados (v. 5).
As palavras do Senhor são puras (v. 6)
O Senhor nos guarda e livra desta geração (v. 7)

O primeiro deles é o mais surpreendente de todos. Veja que o salmista iniciou sua oração desesperado pela situação que o envolvia: aqueles que falam com falsidade, com lábios bajuladores e com coração fingido. Para nós que estamos apenas lendo o salmo e não conhecemos o contexto exato que deu origem a tais palavras, não há como saber se o salmista está exagerando em sua afirmação “já não há homens piedosos” (v. 1). De qualquer forma, após o relato dramático da situação em que o salmista se via, somos surpreendidos com a resposta de Deus: “por causa da opressão dos pobres e do gemido dos necessitados me levantarei e salvarei quem por isso suspira” (v. 5). Em outras palavras, se Deus tiver que escolher o que socorrerá primeiro, a situação dos pobres e oprimidos sempre terá preferência. Todo o relato que o salmista descrevendo sua situação de urgência foi classificado como sendo de “baixa prioridade”. Essa é a razão por que acho esse primeiro atributo surpreendente.

O segundo atributo, afirmando que as palavras de Deus são puras, é um reconhecimento de que a resposta recebida, mesmo não sendo o que foi pedido, representa a pura vontade de um Deus que conhece nossas necessidades.

O terceiro atributo, afirmando que o Senhor guarda e livra, parece ser a resposta para seu pedido. Mesmo já sabendo disso, seu desespero acabou se esquecendo de que isso basta. Saber que Deus nos guarda e livra é o suficiente em momentos como o que o salmista passava.

3. Como os pedidos do salmo me ensinam a pedir?

O pedido “corte o Senhor todos os lábios bajuladores” (v. 3) é um exemplo do que podemos pedir, mas sabendo que podemos ter surpresas com a resposta. Como veremos em outros salmos, Deus nunca precisa que lhe digamos o que ele precisa fazer ao punir nossos inimigos. Assim mesmo, o exemplo demonstra que podemos ser abertos para com Deus em nossas orações; isso é algo que podemos aprender.

4. Como o salmista nos ensina a esperar?

Considerando que o salmista não teve sua oração atendida, a conclusão do salmo reforça o princípio geral que vemos em diversos outros salmos: esperar com base no que conhecemos. O salmista sabe que o Senhor nos guarda e nos livra (v. 7); isso basta. Mesmo sabendo que “por todos os lugares andam os perversos e entre os filhos dos homens a vileza é exaltada” (v. 8).

5. Colocando em prática

Senhor, estou rodeado de pessoas hipócritas,
pessoas que já me disseram várias vezes:
“A língua é minha e eu falo o que quiser e como quiser”.
Eu sei que da tua perspectiva esse tipo de atitude pode não exigir um castigo imediato, mas me preocupa a soberba que os envolve e a expectativa que eles disseminam de que irão prevalecer.
De qualquer forma, eu deixo aqui a minha súplica: ponha fim nesse tipo de atitude.
Enquanto isso, aguardo crendo que tu nos guarda e nos livra, mesmo quando vemos os perversos agindo por todos os lados.
Eu oro em nome do teu filho Jesus, o qual conviveu e sofre diretamente com esse tipo de gente.

Amem.

Daniel Santos

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(8o Dia) Salmo 27

O Salmo 27 é uma declaração de confiança que contém uma oração por salvação. Na verdade, é como se o salmista encorajasse o leitor a ter o mesmo sentimento que ele. Diante do sofrimento é preciso confiar em Deus mais do que em nossas próprias forças. Neste salmo, um pedido é central: “que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida”.

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Após responder às perguntas acima, confira nossas próprias observações sobre elas abaixo. A partir delas, se achar necessário, reescreva a oração que acabou de fazer.

 

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

Por ser um salmo de confiança, o salmista expressa continuamente em quem confia. O Senhor é a fonte da sua esperança. Por isso, vemos uma repetição constante do nome “SENHOR”. Em 14 versículos, 14 vezes o salmista menciona este nome. E há uma razão para isso. SENHOR é o nome de Deus da aliança. Com ele, Deus prometeu aos seus servos estar para sempre com eles. Não há nada mais que o salmista deseje do que a presença do Senhor.

Ouve, SENHOR, a minha voz (v. 7)
buscarei, pois, SENHOR, a tua presença (v. 8)
o SENHOR me acolherá (v. 10)

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

O desejo do salmista pela presença do Senhor e a confiança nele são realçados pelo conhecimento que ele tem de Deus. Para ele, o Senhor é luz (v. 1) e fortaleza (v. 2).

Se a luz está presente:
de quem terei medo? (v. 1)
Não há trevas que não sejam dissipadas e caminho que não seja iluminado.

Se minha vida está sob uma fortaleza:
a quem temerei? (v. 2)
Um exército pode se acampar contra mim e “ainda assim terei confiança” (v. 3).

3. Como os pedidos do salmo me ensinam a pedir?

Uma vez que a presença do Senhor é a razão da confiança do salmista, seu pedido central é “morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida” (v. 4). O templo era um lugar de refúgio para os israelitas, assim como a presença do Senhor é uma fortaleza para todo o seu povo. Quando o sofrimento ou os ataques nos sobrevém, costumamos pedir pela salvação e proteção do Senhor, mas, talvez, o façamos como se nos socorresse de longe. Porém, o salmo nos ensina a pedir para que o Senhor permaneça perto.

Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença;
buscarei, pois, SENHOR, a tua presença. (v. 8)
Não me escondas, SENHOR, a tua face (v. 9)

4. Como o salmista nos ensina a esperar?

O salmista que tem a consciência de que o Senhor é a luz e a fortaleza, encoraja os leitores a confiarem e buscarem a presença de Deus. Neste interim, entre pedido e resposta, sua recomendação é para que a espera seja acompanhada de fortalecimento do coração

Espera pelo SENHOR,
tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração;
espera, pois, pelo SENHOR. (v. 14)         

5. Colocando em prática

Use os elementos aprendidos nesse salmo de lamento e escreva sua própria oração. Veja no exemplo a seguir o modo como podemos intercalar os conceitos e a linguagem bíblica para construir a nossa própria oração. Ao compor sua oração, não se esqueça de destacar os conceitos que o salmo em questão te ensinou.

Senhor, tu és a luz que ilumina o meu caminho,
Contigo, sei que estou em um bom trajeto e por isso não preciso ter medo.
Mesmo que os tempos estejam difíceis para mim, posso confiar em ti.

Por isso, peço que continues a se fazer presente em minha vida Senhor.
Não me deixes batalhar sem ti contra o pecado.
Nem permitas que em meio aos problemas eu os tente resolver sozinho.

Desejo, Senhor, que a tua presença seja a fonte de segurança da minha vida.
Como o templo era a segurança para o salmista.
Com esta certeza quero louvar-te todos os dias do meu viver.
Com esta mesma certeza quero buscar a tua presença.
Como o salmista desejava por estar na Casa do Senhor.

Por isso, quando o perigo me cerca, não escondas de mim a tua face Senhor.
Mas, como a fortaleza e pavilhão que és, proteja-me em meio às lutas.
Sei que pela obra que já iniciaste em mim, não hás de me desamparar.

Esta confiança que tenho, espero que meus irmãos nela também se fortaleçam.
E, Senhor, que aqueles da minha casa que não confiam em ti, venham a entender que sem ti estão em trevas e como em um campo aberto, correndo perigo.

Por fim, lembro-me que tua Palavra também é luz para o caminho.
Meditando nela, esperarei por ti, fortificando o meu coração.

Confiante na obra redentora de Cristo, a luz contra a qual as trevas não prevalecem.
É no nome dele que eu oro. Amém.

Geimar Lima

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(9º Dia) Salmo 3

O salmo 3 é uma oração dirigida a Deus que tem sido classificada como um lamento. Como já vimos anteriormente, lamento não significa apenas um sentimento que expressamos em relação à perda, ao luto ou a qualquer tipo de sofrimento. O lamento nos salmos é uma forma de expressar também indignação, frustração, dúvida e outros sentimentos semelhantes. Poucas pessoas acham apropriado expressar esse tipo de sentimento em um diálogo com Deus, mas salmos como este que leremos hoje nos desafia a fazer exatamente isso. Quanto ao título do salmo, mencionando a ocasião quando Davi fugia de Absalão, devemos usá-lo não como a chave para a interpretação do salmo, mas como um exemplo de situação quando indignação e desespero tomam conta do coração humano. Um motivo para não colocarmos tanta ênfase no título é que a queixa relatada no salmo tem a ver com “inimigos” (plural) e não somente com Absalão. Leia o salmo e descubra como o salmista descreve sua situação e encontra conforto em Deus à medida que ora.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

Diferente do que acontece em outros salmos, o modo como o salmista de dirige a Deus aqui é bem direto e sem muitos adjetivos. Ele usa os termos “Senhor” e “meu Deus” para se referir a Deus, mas a linguagem seca, quase considerada um desrespeito quando, de repente, ele brada “levanta-te, Senhor!” (v. 7).

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

“Deus é meu escudo, minha glória e o que exalta a minha cabeça” (v. 3).

Observe como o salmista menciona esses três atributos de Deus logo após ter afirmado a situação de inimizade e intimidação causada pelos inimigos, especialmente com a frase provocadora que eles usam: “não há salvação para ele” (v. 2). Salvação não no sentido de vida eterna, mas de não haver socorro. Assim, ao afirmar esses três atributos, o salmista mantém sobre controle a ansiedade causada pelo comentário de seus inimigos, pois eles agem como se fossem um escudo que lhe dá a vitória. O resultado disso, como o próprio salmista diz, é que minha coragem é renovada (v. 3).

“Deus me responde quando clamo” (v. 4).

Outro atributo que ficamos sabendo nessa oração é que Deus responde. Em situações de angústia causada por aqueles que buscam a nossa queda, nada melhor para controlar o medo do que a certeza de que Deus me responde quando clamo.

“O Senhor me sustenta” (v. 5).

Além de saber que o canal de comunicação com Deus está ativo para quando precisar, o salmista afirma também que Deus o sustenta. É com base nessa certeza que ele consegue deitar, dormir e acordar sem se preocupar com os milhares que tomam posição contra ele (v. 6). Pense nisso. Ainda que nem toda dificuldade para dormir esteja relacionada com preocupação, precisamos encontrar nos atributos de Deus algo que nos permita dormir em paz.

3. Como os pedidos do salmo me ensinam a pedir?

Você observou como o salmista gastou mais da metade do salmo afirmando suas convicções sobre quem Deus é e o que ele faz? Mesmo assim, depois de ter feito isso ele apresenta seu pedido a Deus de forma contundente: “Levanta-te, Senhor! Salva-me, Deus meu! (v. 7). Lembre-se de que essa oração é um lamento; o salmista está expressando sentimentos de indignação pela aflição causada por aqueles que o perseguem. Assim, não creio ser inapropriado expressar nosso profundo deseje de que Deus se levante e nos salve. É verdade que Deus sabe a hora certa de se levantar e salvar, mas na experiência do salmista tudo o que ele sabia sobre o caráter de Deus o levou ao pedido desesperado por socorro. O que o conhecimento de Deus tem causado em você? Na vida do salmista isso o ajudou a deitar e dormir, mas chega uma hora em que também somos desafiados gritar por socorro, à semelhança do que vemos aqui.

4. Como o salmista nos ensina a esperar?

Nesse salmo os versos 7 e 8 parecem descrever a atitude de alguém que espera com certo grau de convicção. O salmista espera crendo que seu Deus, quando ele quer, fere nos queixos e quebra os dentes de seus inimigos. Esse é um sentimento legítimo que nos ajuda a esperar: saber que alguém será nosso vingador. Outro ponto levantado pelo salmo é a certeza de que a salvação pertence a Deus (v. 8). Isso faz todo o sentido quando pensamos na frase provocativa que seus inimigos usavam: “não há salvação para ele em Deus” (v. 2). Na opinião do salmista, quem vai decidir se há ou não salvação para ele é Deus, pois a salvação é dele e vem dele.

5. Colocando em prática

Senhor Deus, a minha situação não está fácil. Eu tenho sido perseguido no meu emprego como nunca antes.
Eu já não aguento mais ouvir eles dizerem e esperarem que vou me dar mal, ou que no meu caso nem Deus resolve.
Contudo, eu sei, o Deus, que tu és meu escudo, minha glória e o que exalta minha cabeça. Eu sei que tu respondes quando clamo e me sustentas quando me deito e me levanto.
Por que, então, tudo isso? Por que a demora? Levanta-te, Senhor, faça alguma coisa! Faça o que já vi tu fazeres no passado: ferir nos queixos a todos os inimigos e quebrar os seus dentes. Eu espero em ti, crendo que a salvação é tua e virá no tempo certo. Creio também que a tua bênção é sobre o teu povo. Nos méritos de Cristo oro e aguardo,
Amém.

Daniel Santos

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(10º Dia) Salmo 36

O Salmo 36 apresenta o contraste mais claro de toda existência: um vislumbre da maldade humana em seu pleno potencial versus a plenitude da bondade divina. O salmista reflete a respeito de ambas, com o temor de que a primeira o alcance, mas confiante na segurança e satisfação que a segunda proporciona.

Após ler o salmo e com este contexto, responda as seguintes perguntas:

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Após responder às perguntas acima, confira nossas próprias observações sobre elas abaixo. A partir delas, se achar necessário, reescreva a oração que acabou de fazer.

Respostas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

Em todas as vezes que o salmista se dirige exclusivamente a Deus é em tom de louvor. As palavras que compõe suas declarações ao Senhor expressam a perfeição da bondade e fidelidade dele.

A tua benignidade, SENHOR, chega até aos céus (v. 5)
Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! (v. 7)

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

A bondade de Deus e a sua fidelidade são os atributos mais enfatizados no Salmo. A razão para isso é clara. Se por um lado, o salmista está preocupado com a maldade que existe nos homens (v. 1-4), sua segurança é derivada da certeza de que o Senhor o protegerá e susterá porque é bom e fiel.

[Chega] até às nuvens, a tua fidelidade. (v. 5)
Por isso, os filhos dos homens
se acolhem à sombra das tuas asas.
Fartam-se da abundância da tua casa (v. 7-8)

3. Como os pedidos do salmo me ensinam a pedir?

É comum ao fazermos pedidos em nossas orações, pedirmos por mudança, seja de saúde, financeira ou espiritual. Porém, o salmista nos ensina que há outro tipo de pedido que podemos fazer. Este pedido é de manutenção e continuidade. Ele pede para que a bondade de Deus continue sobre a vida do seu povo, ao mesmo tempo que o mal permaneça longe.

Continua a tua benignidade aos que te conhecem,
e a tua justiça, aos retos de coração.
Não me calque o pé da insolência,
nem me repila a mão dos ímpios.

4. Como o salmista nos ensina a esperar?

Depois de lermos, a descrição que o salmista faz sobre o progresso da maldade humana até alcançar sua plenitude (v. 1-4), poderíamos esperar que na sequência ele pedisse que Deus executasse o seu juízo sobre aqueles que não temem a Deus e planejam o mal. Porém, o salmista surpreendentemente passa a louvar a benignidade do Senhor. Isso nos ensina que, apesar de esperarmos pela justiça de Deus, devemos aguardá-la desfrutando das benesses que ele já tem derramado sobre nós, pois quanto aos ímpios o seu destino é certo e irrevogável:

Tombaram os obreiros da iniquidade;
estão derruídos e já não podem levantar-se. (v. 12)

5. Colocando em prática

Como tem crescido, Senhor, o mal neste mundo.
Muitos são os que não temem a ti.
Desconsideram a sua verdade e cada um estabelece o seu próprio padrão de vida.
Como fazem o que acham melhor,
planejam e executam o mal contra seus semelhantes.
Vivem desta forma, pois são escravos do pecado e creem que nunca serão punidos.

Eu, porém, Senhor, sei que és bom.
A tua bondade me alcançou quando eu também era mau.

Quando eu fazia o que achava melhor aos meus próprios olhos.
No entanto, hoje, sei que sem ti, eu não posso viver.
Descanso na tua justiça e na tua misericórdia em minha vida.
Pois, se não fosse pela tua fidelidade, eu já teria voltado ao que eu era antes.

Por isso, ó Deus, oro para que tu continues sendo misericordioso comigo.
Para que eu continue a enxergar a tua luz que faz com que eu não volte para trevas.
E assim, Senhor, para sempre eu desfrute das bênçãos com que tu já tens me abençoado.

Assim, também peço que tu continues a cuidar de mim, pois sei que já tens cuidado.
Suplico, como meu Senhor Jesus me ensinou, livra-me do mal.
É no nome dele que oro. Amém.

Geimar Lima

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(11º Dia) Salmo 124

O salmo 124 é um salmo de ação de graças. O salmista agradece a Deus não pelo que aconteceu, mas pelo que Deus evitou que acontecesse. Ele escreve a respeito do livramento que o Senhor deu a Israel.

É possível que este salmo tenha sido escrito por Davi após Deus ter entregado os filisteus, que buscavam lhe prender (2Sm 5.17), em suas mãos (cf. expressão “rompeu o Senhor as fileiras inimigas […] como quem rompe águas” de 2Sm 5.20).

No entanto, mesmo que este não seja o contexto, o salmista nos ensina que o livramento do Senhor foi de algo que sozinho o salmista ou o povo não conseguiriam se livrar. As duas principais metáforas empregadas revelam a impotência do salmista e de Israel diante da ameaça. Primeiro, a ameaça da qual o Senhor os livrou era como um mar turbulento que os teria feito submergir. Depois, é retratada como a armadilha da qual um pássaro não conseguiria sozinho se livrar.

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

A maior parte do salmo contém uma linguagem que convida o leitor a imaginar. Imaginar um futuro que não aconteceu, porque o Senhor não permitiu. A expressão “se não fosse o Senhor” (v. 1) transparece o alívio de quem escreve. Alivio do qual ele deseja que todo o seu povo o sinta e expresse (cf. expressão “Israel que o diga” v. 2). Esta sensação de alívio além dar tranquilidade, revigora e renova a esperança pela manutenção da paz. Uma vez que o mal passou, quem a sente espera que ele não volte mais.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Existe uma característica de Deus a qual o salmista e seu povo se apegam: o fato do “criador do céu e da terra” (v. 8) se fazer presente na vida do seu povo (v. 1). Ao mesmo tempo que ele transcende e é infinitamente maior do que toda a criação, ele é próximo e cuida do seu povo. Pode haver segurança maior do que essa? Não há nada, por mais ameaçador que seja, que seja tão poderoso do que o Criador. E é neste ponto que podemos repetir como o salmista “se não fosse o Senhor”. Somente aqueles que entendem que Deus se faz presente, e em Cristo é o “Deus Conosco” tem real segurança. Muitas religiões falam de deus(es) poderoso(s), porém por serem distantes eles não podem socorrer o seu povo. Há outras que dizem que deus está dentro de cada um a ponto de ser um com o individuo e com tudo, mas neste caso ele também não consegue salvar, pois na maioria das vezes as pessoas precisam ser salvas dos seus próprios pecados. Somente o Deus que é Todo-Poderoso e que ao mesmo tempo é próximo, pode nos chamar a confiar o nosso socorro no seu nome (v. 8).

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Como um salmo exclusivo de ação de graças, não possui nenhum pedido direcionado a Deus. Porém, ele possui um pedido direcionado a todos aqueles que possuem a mesma fé: “Israel que o diga” ou “Israel que o repita” (v. 2). Se utilizarmos este pedido em nossas orações, podemos pedir para que Deus auxilia a igreja a sempre se lembrar dos seus grandiosos feitos. Há um grande benefício em se imaginar do que o Senhor já livrou o seu povo ao longo da história. Tal exercício nos ensina a ser gratos pela situação atual que Deus nos dá.

4. Como o salmista nos ensina a esperar?

A frase final do salmista “o nosso socorro está em o nome do Senhor” (v. 8) nos ensina a esperar com confiança. Apesar dele não ter feito um pedido que aguarde resposta, sua mente e coração pode ser treinada a reagir de forma correta quando for necessário pedir. Em outro salmo, ficamos sabendo que uma vez que Deus nos tem aliviado, podemos pedir para que ele ouça nossa oração se os perigos surgirem novamente (Sl 4.1). Afinal, o alívio e cuidado que o Senhor tem dispensado a nós é tanto a razão da nossa confiança quanto a motivação das nossas orações (1Pe 5.7).

5. Colocando em prática

Senhor, como teria sido se eu não tivesse conhecido a ti?
Certamente o pecado e as forças do Inimigo já teriam me subjugado.
Pois eu sozinho não seria capaz de resistir.

Porém, tu Senhor tens estado comigo.
E, hoje, percebo que tens me livrado de muitas armadilhas para a minha fé.
Quantas vezes tu já despertaste a minha consciência para evitar pecar contra ti?
Quantas vezes tu já a acalmaste mediante o teu perdão, quando seduzido por elas, eu cai?
Se não fosse ti Senhor, estando ao meu lado, eu já teria perecido.
Minha alma já teria sido engolida pelas trevas.

Bendito sejas, ó Deus, pois em minha fraqueza, tu que és forte estás presente.
Bendito sejas, Senhor, pois quando o teu povo jazia em trevas, em Cristo te fizeste presente.
Bendito sejas, pois prometeste que para sempre ele estaria conosco.
E não há alívio maior do que esta certeza.
Por isso, em Cristo e no nome dele é que eu oro. Amém!

Geimar Lima

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(12º Dia) Salmo 4

O salmo 4 é mais um exemplo de alguém já angustiado com a demora de Deus em responder ou de alguma forma agir. Embora ninguém diria isso, mas algumas pessoas agem como se estivessem irritadas com Deus, pois a hora de agir, do nosso ponto de vista, já passou em muito. Não é raro encontrarmos pessoas que passaram do estágio de irritação com Deus para um estado de desilusão, deixando de crer e esperar que ele irá fazer alguma coisa. Esse espírito de desilusão chega ao fundo do poço quando se diz: “Se Deus quisesse fazer alguma coisa ele já teria feito. Logo, eu me pergunto agora por que ele não quis me responder e ajudar”. Veja como o espírito humano alterna os modos de percepção a medida em que alternamos nossas expectativas. Aprendamos com esse salmo como lidar com a espera sem chegar ao fundo do poço

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

A linguagem que observamos nesse salmo demonstra urgência:
“responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça” (v. 1). Esse tipo de linguagem revela duas coisas: 1) o salmista ainda estava clamando, o que significa que ele ainda não tinha se desiludido com Deus e 2) o salmista cansou de esperar pela resposta e resolveu “reclamar” com Deus. Veja bem, o salmo não nos incentiva a perder a paciência com Deus, mas sim a nos preparar para passar pela aparente demora.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Há três atributos de Deus mencionados nesse salmo:
Deus distingue para si o piedoso (v. 3)
Deus ouve quando clamo (v. 3)
O Senhor me faz repousar seguro (v. 8)

O segredo para conseguirmos sobreviver o período da espera, aguardando o tempo quando Deus julgar apropriado responder e agir, é aquilo que conseguimos nos lembrar dos atributos de Deus. É surpreendente ver que, embora seja um salmo curto, o salmista lista três atributos que cumpriram com êxito o trabalho de não deixar o salmista se desiludir com Deus.

O primeiro desses atributos mostra que Deus não está perdido na teia de mentiras que os inimigos têm criado: “ele distingue para si o piedoso”. O segundo atributo reafirmado pelo salmista é determinante para sua espera; ele sabe que Deus ouve seu clamor. Ou seja, essa é a rotina normal; a demora que ele tem experimentado agora é a exceção. Isso deve ter lhe ajudado muito na espera da resposta de Deus. O terceiro atributo é raro nos salmos: a segurança para dormir e a capacidade de dormir. Há muitos que não têm a chance de dormir por causa da falta de segurança diante da ameaça de seus inimigos. Há outros que têm a segurança para dormir, mas não conseguem dormir.  No caso do salmista, ele revela que Deus é o responsável por fazê-lo deitar-se e pegar no sono. Que atributo importante para se lembrar em tempos assim!

3. Como os pedidos do salmo me ensinam a pedir?

O pedido central desse salmo é para que Deus responda o clamor do salmista. Isso nos deveria ensinar que podemos sim declarar nossa angústia diante de Deus em oração; isso é parte importante no processo de não nos desiludirmos com Deus por causa da demora.

4. Como o salmista nos ensina a esperar?

O salmo 4 contém uma estratégia pouco utilizada nesse processo de aguardar Deus agir. A estratégia consiste em simular um diálogo com nossos inimigos em oração. Nesse diálogo, o salmista confronta aquilo que seus inimigos diziam com o que ele já conhece dos atributos de Deus. No verso 2 ele confronta a atitude dos que “tornam a sua glória em vexame” com o atributo de Deus “o Senhor distingue para si o piedoso; o Senhor me ouve quando eu clamo por ele” (v. 3). Novamente, ele contrasta os que dizem “Quem nos dará a conhecer o bem?” com aquilo que ele já entende ser o “bem”: a) o Senhor colocou alegria em seu coração, b) o Senhor lhe deu fartura de cereal e vinho, c) o Senhor lhe deu segurança para dormir e d) o Senhor lhe fez pegar no sono.

5. Colocando em prática

Senhor, eu não acredito quanto tempo já se passou,
Estou já angustiado com a tua demora.
Tenho observado que meus inimigos estão aproveitando dessa demora
para tornar a minha glória em vexame.
Todavia, eu sei que estás atento e sabes quando e como agir.
Obrigado por me conceder o privilégio de dormir seguro.
Em nome de Jesus,
Amem.

Daniel Santos

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(13º Dia) Salmo 28

Se você orou o Salmo 27, você perceberá uma mudança de estrutura no Salmo 28. Enquanto o salmo 27 começa com uma declaração de confiança em Deus para então o salmista fazer a sua súplica, o salmo 28 começa com a súplica para então se mover à declaração de confiança. No salmo 27, o salmista ora porque confia no Senhor como seu refúgio e fortaleza (cf. 27.1), no 28, o salmista por meio de sua oração é levado a confiar no Senhor como seu refúgio (cf. 28.7-8).

Assim, um dos ensinamentos deste salmo é que orar modela o nosso relacionamento com Deus e nos ajuda a confiar nele.

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

A oração do salmista tem uma ênfase muito direta: ele quer ser ouvido pelo Senhor. Alguns de seus pedidos nos pegam de surpresa e dificilmente ousaríamos os repetir (i.e. “não sejas surdo para comigo” de 28.1). Porém, até mesmo este estranho pedido reflete o sentimento que envolve o salmista no ato de orar: ele depende de Deus. Depender de Deus é depender de Deus falar e responder. Por isso, o salmista teme o silêncio de Deus.

[…] para que não suceda, se te calares acerca de mim,
seja eu semelhante aos que descem à cova. (v. 1)

O relacionamento com Deus é expresso pela via de mão-dupla – a oração pela qual somos ouvidos por Deus, a palavra de Deus pela qual ouvimos a ele. Se há silêncio de ambas as partes, isso é preocupante.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?

O salmista se apega aos atributos divinos que trazem segurança ao fiel. Ele chama a Deus de: “minha rocha” (v. 1), “minha força e meu escudo” (v. 7), “a força do seu povo e o refúgio salvador do seu ungido” (v. 8). Além destes, há um atributo que é implícito nos pedidos e declarações do salmista que o assegura de que os atributos protetivos mencionados serão favoráveis ao salmista, isto é, a capacidade de Deus ouvir. Se Deus ouve e responde é porque ele é próximo e se relaciona com os seus servos. Se Deus está próximo, ele então é a rocha, a força e o escudo do seu servo. Se ele fosse distante, isto é, se não ouvisse a oração dos seus, do que valeria um escudo, força e rocha que também seriam distantes?

[…] não sejas surdo para comigo (v. 1)
Ouve-me as vozes súplices (v. 2)
Bendito seja o SENHOR, porque me ouviu as vozes súplices (v. 6)

A proximidade do Senhor é que dá esperança para o salmista continuar pedindo ao final do salmo: “apascenta-o [o povo]” (v. 9). Como um pastor apascenta o rebanho de ovelhas.

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Os pedidos do salmista apuram e fortalecem o seu relacionamento com Deus e o afastam da associação com aqueles que praticam a iniquidade e que alimentam a perversidade em seu coração (cf. 28.3). Quando ele clama para que Deus o escute, é porque ele não deseja ser julgado com o ímpio (cf. 28.3-5).

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

A segunda parte do salmo (v. 6-9) retrata o louvor e a confiança antecipados do salmista, enquanto espera pelas respostas aos seus pedidos (v. 1-5). Ele encerra com um pedido para que o Senhor salve e apascente o seu povo (cf. 28.9), porém esta renovação dos primeiros pedidos não o impede de desde já bendizer a Deus. Na verdade, parece que seus pedidos alimentam sua confiança e vice-versa.

5. Colocando em Prática

Senhor, de manhã apresento a ti minha oração e fico esperando.
Ouve Senhor a minha súplica e atenta para a minha situação.
Pois sei, ó Deus, que fraco sou fraco e sem teu auxílio falharei
Por isso, peço-te: “Faz-te presente em minha vida”.

Livra-me do mal, Senhor, para que eu não seja julgado com os ímpios.
Pois estes, Senhor, se desviam da sua vontade,
E desejam se distanciar cada vez mais de ti.
Mas, eu, Senhor, preciso de ti próximo a mim
Para que as tentações não se convertam em pecado e me afastem de ti.

Eu sei que já ouvistes a minha voz quando pela primeira vez clamei para que fostes o meu salvador,
Por isso, eu te louvo Senhor, pois não há outro de quem eu dependa.
Somente, tu tens sido a minha rocha, o meu escudo e a minha força.
Já me socorrestes outras vezes, por isso sei que podes continuar a cuidar de mim,
Como um pastor cuida de suas ovelhas.

Essa oração eu faço pelos méritos de Cristo. Amém.

Geimar Lima

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(14º Dia) Salmo 57

O salmo 57 é descrito como sendo “um hino de Davi, quando fugia de Saul, na caverna”, possivelmente, esta é a famosa caverna de Adulão (1Sm 22.1). Assim, este salmo é uma oração em um tempo de adversidade, em que o salmista apresenta a sua petição a Deus, mas também apresenta sua ação de graças.

O salmo pode ser dividido em duas partes bastantes claras: 1) um lamento (v. 1-4); 2) ações de graças (v. 6-10). Cada uma delas terminada com o refrão: “Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus; e em toda a terra esplenda a tua glória” (v. 5 e 11). Desta forma, se este refrão tanto muda o tom da oração de uma lamento para ação de graças, como encerra a oração em si, deve ser considerado o elemento principal de todo salmo.

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Após responder às perguntas acima, confira nossas próprias observações sobre elas abaixo. A partir delas, se achar necessário, reescreva a oração que acabou de fazer.

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

É comum enxergarmos nos salmos Deus sendo chamado de “SENHOR”, o nome da aliança que ele revelou aos seus servos e que geralmente retrata a proximidade de Deus com o suplicante. Porém, neste salmo, aquele à quem a oração é dirigida é chamado exclusivamente de Deus, sendo que em uma vez qualificado como sendo o Deus Altíssimo (v. 2). Isso significa que o salmista tem em mente enquanto ora que Deus é exaltado e governa soberanamente sobre tudo aquilo que ele criou.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?

Apesar da exaltação de Deus como acima de tudo o que foi criado ser a principal característica à qual o salmista se apega, ficamos conhecendo por meio do salmo que o Deus Altíssimo também é considerado como aquele que condescende a nós. Isso significa que aquele que é exaltado, pela sua misericórdia vem a nós como um refúgio e abrigo, bem como nos envia o seu auxílio e salvação.

Ele dos céus me envia o seu auxílio e me livra;
cobre de vergonha os que me ferem.
Envia a sua misericórdia e a sua fidelidade. (v. 3)

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Este salmo parece ter dois pedidos:

Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia (v. 1)
Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus; e em toda a terra esplenda a tua glória (v. 6 e 11)

O primeiro pode ser entendido como um pedido para que Deus socorra o seu servo, fornecendo refúgio contra os inimigos como a caverna em que se escondia era um abrigo contra eles.

Porém o segundo, apesar de ter em si o imperativo “Sê exaltado” parece se afastar da concepção de ser um pedido somente para se tornar uma declaração de confiança e até mesmo um louvor. Quando o salmista diz “Sê exaltado” e “em toda a terra esplenda a tua glória”, parece que também se afasta do seu interesse urgente por proteção e segurança para aquilo que é mais importante: a glória de Deus. Na verdade, é a exaltação de Deus que ao longo de todo o salmo é apresentada como sendo a arma do salmista para lutar contra a adversidade e contra os seus temores.

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

Há um contraste no salmo que nos ensina como é o espírito dos que confiam no Senhor diante das adversidades. Primeiro, o salmista falou:

[…] a minha alma está abatida (v. 6)

Depois, ele bradou:

Firme está o meu coração, ó Deus,
o meu coração está firme (v. 7)

Nos perguntamos, como pode ser isso? Como uma alma abatida torna-se um coração firme? Percebo que até mesmo a alma do fiel pode se abater diante das dificuldades, mas sua certeza de que Deus é o Altíssimo e de que ele misericordioso e fiel conduzem-no ao fortalecimento do seu próprio coração. Enquanto espera que o seu pedido inicial (v. 1) seja atendido, o salmista confiando no Senhor batalha para reanimar a sua própria alma:

Desperta, ó minha alma! (v. 8)

5. Colocando em prática

“Pai nosso, que estás nos céus,
Santificado seja o teu nome”.

Foi assim, ó Deus, que meu Senhor Jesus me ensinou a orar.
Ele ensinou que eu deveria pedir a ti por aquilo que eu preciso,
Seja o pão de cada dia ou o perdão eterno das minhas dívidas.
Me ensinou que eu deveria pedir para que tu me livres do mal.

Porém, antes de pedir tudo isso,
Ele me mostrou que acima de tudo eu deveria me preocupar com a tua glória,
Por isso, ó Pai Altíssimo, que estás nos céus,
Santificado seja o teu nome e seja feita a tua vontade.

Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia.
Abriga-me de todo mal, não apenas porque preciso do teu socorro,
Mas para que tu sejas glorificado por todos que testemunharem o teu favor para comigo.

Essa oração que faço é nos méritos daquele que me a ensinou. Amém!

Geimar Lima

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(15º Dia) Salmo 02

O salmo 2 tem uma linguagem e abordagem diferentes dos salmos que compõe o livro dos Salmos. Uma das principais diferenças é a quantidade de diálogos inseridos num curto espaço de texto. O desafio do leitor é saber quem está falando com quem em cada trecho, já que não há uma indicação clara dos participantes em cada diálogo. Outro aspecto diferenciado desse salmo é o seu assunto; ele descreve uma série de atitudes dos poderosos da terra que fazem Deus rir e zombar deles. Não é toda hora que vemos Deus achando graça de alguma coisa. Vejamos o que podemos aprender com esse salmo.

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

O salmo 2 não contém nenhum pedido. O salmista está narrando um tipo de comportamento dos poderosos da terra e, ao final, profere várias advertências dirigidas a eles:

Sede prudentes (v. 10)
Deixai-vos advertir (v. 10)
Servi ao Senhor (v. 11)
Alegrai-vos nele com tremor (v. 11)
Beijai o filho (v. 12)

Como o salmista espera que entendamos suas advertências? Será que ele imaginava que esses poderosos iriam ler seu relato e se considerarem advertidos? Ou, será que as advertências eram para serem lidas pelo povo de Deus, visando criar uma nova atitude em relação ao que esses poderosos faziam? Certamente essas advertências não foram entregues aos poderosos. Logo, elas devem ter cumprido a finalidade de motivar aqueles que se viam desanimados e atemorizados com as artimanhas preparadas pelos poderosos e juízes da terra. Essa é uma importante lição que esse salmo nos ensina. A oração deve nos ajudar a repensar nossa atitude em relação aos planos malignos daqueles que querem viver sem qualquer interferência e restrições impostas por Deus.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?

O Deus que conhecemos no Salmo 2 é descrito como alguém que se diverte com as ameaças e os planos dos poderosos da terra, “ri-se aquele que habita nos céus” (v. 4), mas não deixa de reagir com firmeza, “no seu furor os confundirá” (v. 5). O restante do salmo mostra como Deus fará isso; como ele confundirá os poderosos tentando se libertar do seu poder soberano: a) ele constituirá um rei sobre o monte Sião (v. 6), b) ele dará as nações como possessão a esse rei (v. 7-8) e c) esse rei regerá com vara de ferro as nações desses poderosos tramando contra o Senhor (v. 9). São essas coisas que fazem acalmar o coração do salmista. Ao contemplar as ameaças arquitetadas pelos poderosos, ele se lembra desse plano de Deus e, juntamente com ele, se diverte com o resultado esperado.

3. Como os pedidos do salmista nos ensinam a pedir?

Nesse salmo o salmista não faz nenhum pedido a Deus. Suas palavras servem para reafirmar sua própria esperança de que o seu Deus tem um plano para conter a ameaça dos poderosos da terra. É com base nessa que ele se dirige eles com as advertências: “Agora, pois, ó reis, sede prudentes! Deixai-vos advertir, juízes da terra!” (v. 10).

4. Como o salmista nos ensina a esperar?

Há uma frase que parece resumir bem a atitude do salmista enquanto espera pela reação divina: “dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam” (v. 12). Saber que Deus pode agir é uma coisa. Saber como ele irá agir é outra coisa. O salmista sabe como Deus agirá e, por isso, encontra conforto refugiando-se nele.

5. Colocando em prática

Senhor Deus, como tem crescido o número dos que planejam viver fora do radar da tua soberania.
Eu creio que tu tens observado e se divertido com tais planos.
Saber disso me causa tranquilidade e segurança.
Ajuda-me a esperar e refugiar-me em ti.
Em nome de Jesus, Amém.

Daniel Santos

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(16º Dia) Salmo 08

Como dissemos no início desse projeto 30 dias nos salmos, nem todos os salmos se encaixam facilmente naquilo que esperamos encontrar em uma oração, um lamento ou adoração. Esse salmo 8, por exemplo, é um modelo de contemplação, uma prática pouco exercitada pelos cristãos contemporâneos que buscam sempre encontrar no texto bíblico as respostas para suas perguntas pessoais. O salmo 8 começa e termina com a mesma declaração que resume bem essa atitude de contemplação: “Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade”. Certamente, o ato de contemplar é uma virtude aprendida e desenvolvida; ninguém nasce sabendo fazer isso automaticamente. Por essa razão, creio que esse salmo pode nos ajudar a desenvolver essa virtude tão esquecida.

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. APRIMORANDO A LINGUAGEM

Inicialmente, os termos que caracterizam a atitude de contemplação devem ser ressaltados. Há dois termos que merecem a nossa atenção: “quão magnífico” ou “quão poderoso” (v. 1, 8) e “quando contemplo” (v. 3). O primeiro termo define o tom de abertura e fechamento do salmo como um ato de contemplação; já o segundo mostra o modo como essa contemplação afeta sua compreensão de quem Deus é e de quem somos. Não há nenhum pedido feito pelo salmista no salmo.

2. CONHECENDO A DEUS

Por ser um salmo de contemplação, a maior parte do seu conteúdo é dedicado àquilo que o salmista aprende sobre o caráter de Deus.

Ele colocou/expos a sua majestade nos céus (v. 1)
Ele suscitou força de pequeninos (v. 2)
Ele se lembra do ser humano (v. 4)
Ele fez o homem um pouco menor que Deus (v. 5)
Ele deu domínio ao homem (v. 6)
Ele colocou tudo sob os seus pés (v. 6)

A dinâmica do salmo é simples. Se Deus colocou à exposição nos céus a sua majestade, o salmista revela com alegria o fato de ter descoberto isso. É como se tudo isso já estivesse lá e, embora tenha olhado para os céus várias vezes, o salmista nunca tinha se atentado para o que ele via agora. O salmo releva, então, os detalhes dessa contemplação dos céus e como aquilo que ele descobriu o ajudou a perceber a atenção inexplicável que Deus dedica ao ser humano. Essa atenção é observada no domínio que Deus deu ao ser humano desde a criação e o desejo de visita-lo.

3. APRENDENDO O QUE PEDIR

O salmo 8 não contém nenhum pedido. O salmo é um relato de uma descoberta, cujas descobertas deixam o salmista surpreso e maravilhado. Isso é a razão da frase que inicia e encerra o salmo: “Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade”.

4. APRENDENDO ESPERAR

O salmo não tem uma descrição de espera, já que o salmista não fez nenhum pedido.

5. COLOCANDO EM PRÁTICA

Senhor Deus, o céu que o salmista contemplou é o mesmo que contemplo hoje.
Ajuda-me a ver como o céu que o salmista contemplou pode me ajudar e entender que sou.
Obrigado por deixar registrado de forma perpétua a tua percepção sobre quem somos.
Ajuda-me a aprender olhar novamente para o céu com esse objetivo.
Obrigado por ter enviado teu filho, o sol nascente das alturas.
Em nome dele oro. Amém.

Daniel Santos

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(17º Dia) Salmo 24

De antemão, você precisa saber que o salmo 24 não é uma oração. Porém, ele te ensina orar. As duas perguntas centrais do salmo nos ensinam que quando louvamos o Senhor, rendemos graças a ele ou oramos, suplicando pelo seu socorro, estamos nos aproximando daquele que é santo. O salmista faz as perguntas: “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar?”. Em um primeiro momento, a única resposta é “ninguém”. Mas, uma vez que o Rei da Glória conseguiu este acesso, a “geração dos que o buscam” pode subir ao monte do Senhor, permanecer no santo lugar e, assim, louvar, render graças e orar. Para estes que buscam o Senhor, uma pergunta deve ter resposta clara: “Quem é este Rei da Glória?”.

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

Este é um dos salmos mais ricos em relação a quantidade de nomes/títulos utilizados pelo salmista para se referir a Deus. Ele o chama de: Deus, SENHOR, Deus de Jacó, Rei da Glória e SENHOR dos Exércitos. A grande maioria delas revela o entendimento que o salmista tinha quanto ao relacionamento entre Deus e sua criação. Deus é o Criador que governa tudo o que fez e o povo que escolheu.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?

Dentre os atributos que se destacam no salmo temos: 1) a soberania de Deus; 2) seu poder criador; 3) a sua glória. Porém, é outro atributo, que está implícito nas perguntas centrais do salmo que é o principal, pelo menos na percepção do salmista:

Quem subirá ao monte do Senhor?
Quem há de permanecer no seu santo lugar? (v. 3)

Tanto o monte do Senhor, como o santo lugar são santos porque o Senhor é santo. Muitos estudiosos acreditam que estas duas perguntas eram feitas pelos sacerdotes quando o adorador chegava ao tabernáculo ou ao templo. Por meio delas, a pessoa tinha a consciência reavivada a respeito da santidade daquele que estava buscando.

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Como sinalizado na introdução, este salmo não é uma oração, por isso, não registra pedido algum. No entanto, por meio da resposta dada as perguntas-chave do salmo, podemos aprender o que pedir, toda vez que desfrutamos do privilégio de acessar a presença do Senhor por meio de nossas orações. Esta é resposta sobre quem pode permanecer no santo lugar:

O que é limpo de mãos e puro de coração,
que não entrega a sua alma à falsidade,
nem jura dolosamente. (v. 4)

Uma vez que Deus é santo, o pedido por santidade deveria estar no topo de nossa lista.

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

Este salmo estabelece um padrão de santidade para se acessar a presença do Senhor que parece inalcançável. As características descritas no versículo 4 sugerem perfeição moral interna e externa. Sabemos que a teremos somente quando o Rei da Glória voltar. No entanto, enquanto esperamos este que será o ápice da nossa vida, somos lembrados pelo autor aos Hebreus que mediante a obra de Cristo, o Rei da Glória,

Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus […] aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. (Hb 10.19, 22)

Assim, enquanto aguardamos, aproximamo-nos de Deus, ou seja, oramos.

5. Colocando em Prática

Senhor, agora, desfruto do maior dos privilégios que tenho nesta vida,
A possiblidade de me aproximar de ti por meio desta oração.

Louvo-te, Senhor, pois o teu filho, o Rei da Glória, conquistou tal privilégio.
Foi para ele que as portas do lugar santo se levantaram.
E eu, pela tua graça, pude entrar junto.
Por isso, desfruto deste privilégio.

Ajuda-me Senhor a ser puro de coração, limpo de mãos,
A não entregar minha alma a falsidade.
E nem a jurar dolosamente.
Faz-me santo Senhor, pois tu és santo.
A este coração que purificaste, dá a disposição de constantemente buscar a tua face.

Presença esta que continuarei a buscar,
Não pelos meus méritos, mas pelos méritos de Cristo.
No nome de quem eu oro. Amém.

Geimar Lima

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(18º Dia) Salmo 10

Alguns salmos descrevem uma atitude perplexa do salmista em relação à inércia de Deus diante dos horrores causados pelos arrogantes. O salmo 10 é um desses salmos. Aqui o salmista vai a fundo em sua descrição não só do que os arrogantes fazem, mas também daquilo que pensam enquanto fazem. Em diversos pontos veremos expressões do tipo “pois diz lá no seu íntimo” (v. 6). Não temos como saber se o salmista está projetando esses pensamentos nas palavras dos arrogantes ou se ele, de fato, ouviu-os comentando essas coisas. Qualquer que seja o caso, o conteúdo do que esses arrogantes pensam são óbvios e facilmente deduzidos de suas práticas. O salmista não parece estar muito surpreso com isso. O que mais surpreende o salmista é ver a atitude distante de Deus diante do que acontecia. Esse é um salmo que nos ensinará orar em momentos quando percebemos que Deus, por razões que desconhecemos, não quer se envolver na situação e defender a causa dos fracos e oprimidos.

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Aprimorando a linguagem

O salmo 10 utiliza uma linguagem que, se usado com outras pessoas, seria facilmente classificada como linguagem de confrontação. As perguntas feitas pelo salmista não são apenas indagações, mas são perguntas que insinuam um comportamento inadequado para o Deus que o salmista conhece e adora. Pense, por exemplo, na pergunta no início do salmo: “Por que te escondes nas horas de tribulação?” (v. 1). Alguns argumentam que ele disse isso, mas não queria dizer isso pois no final do salmo ele dirá que sabe que o Senhor estava atento (v. 14). Mas se ele sabia disso, por que iniciou o salmo perguntando essas coisas? Eu creio que o objetivo é ensinar-nos sobre a atitude legitima de alguém aproximando do seu Deus, triste e decepcionado com o que vê, mas que transforma sua percepção à medida em que descreve os fatos. Nossa intimidade com Deus não nos deveria impedir de derramar nosso coração diante dele, confessando nossa frustração como o modo como ele tem agido, pois foi nesse exercício espiritual que o salmista acabou encontrando verdades sobre o seu Deus que lhe mudou a atitude.

Uma das coisas que percebemos inquestionavelmente é o cenário vivido descrevendo os ímpios como feras aguardando escondidas para dar o bote mortal sobre a vida dos pobres e oprimidos (vv. 9-11). A descrição se torna ainda mais vívida quando o salmista coloca palavras na boca desses ímpios revelando o que se passava em seu íntimo: “Diz ele no seu íntimo: Deus se esqueceu, virou o rosto e não verá isto nunca” (v. 11).

2. Conhecendo a Deus

A maior parte desse salmo é dedicada à descrição dos ímpios e do modo como eles armam ciladas para destruir o órfão e os oprimidos. Somente a partir do verso 14 é que começamos a ver algo sobre o caráter de Deus.

Deus está atento à dor do órfão e do oprimido (v. 14)
Deus quebranta o braço dos perversos e malvados (v. 15)
Deus esquadrinha a maldade do perverso (v. 15)
Deus é rei eterno (v. 16)
Deus ouve o desejo dos humildes (v. 17)
Deus fortalecerá o coração dos humildes (v. 17)

Por incrível que pareça, há muita coisa que o salmista afirma conhecer sobre Deus, embora o salmo tenha dedicado grande parte do seu conteúdo para descrever a ação dos perversos contra os humildes. Essa é uma importante lição para aprendermos: nunca termine sua lista de preocupações sem acrescentar ao final uma lista daquilo que você já conhece sobre o que Deus é e faz.

3. Aprendendo o que pedir

Os pedidos que o salmista faz estão todos concentrados no verso 12. Há três coisas que ele pede nesse único verso no salmo:

Levanta-te, Senhor! (v. 12)
Ergue a mão! (v. 12)
Não te esqueças dos pobres (v. 12)

Como podemos ver, os pedidos são apresentados exatamente no momento quando o salmista encerra sua descrição do que os perversos fazem. Após esses três pedidos, a lista daquilo que o salmista sabe que Deus sempre tem feito é apresentada como se fosse uma justificativa para o próprio salmista. Se Deus já fez isso no passado, ele pode também fazer agora.

4. Aprendendo esperar

A atitude do salmista nos ensina que a melhor coisa a se fazer enquanto aguardamos é lembrarmos daquilo que Deus já fez e não daquilo que ele ainda não fez. Esse salmo dedicou 13 versos para descrever o que Deus ainda não fez e 5 para descrever o que Deus já fez. Não há uma regra de proporcionalidade. O importante é que sempre nos lembramos de alguma coisa que o Senhor já fez em relação àquilo que nos preocupa hoje. No caso desse salmo, o salmista espera confiando que o Senhor há de fazer justiça, pois ele é rei eterno.

5. Colocando em prática

Senhor Deus, tu tens visto o modo como pessoas humildes tem sido tratadas.
Se eu que sou pecado consigo ver, tu podes muito mais.
Eu não só vejo o que eles fazem, mas ouço o que pensam sobre o que fazem.
Suas motivações são piores do que suas ações, pois agem contando com o teu silêncio.
É isso que me preocupa. Eu sei que tu não és um Deus que faz vista grasso à maldade contra os humildes, mas o teu silêncio tem sido usado por eles como um argumento de que tu não vês e não se importa com a sorte dos fracos e oprimidos. Isso não é verdade, mas se tu não agires, eu não tenho como provar o contrário.
Age, Senhor! Retribua toda maldade feita contra os que em ti esperam, a fim de que não prevaleça entre nós aqueles que infundem terror nas pessoas.
Em nome de Cristo, Amém.

Daniel Santos

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(19º Dia) Salmo 54

O salmo 54 é um dos poucos que possui registrado o contexto histórico em que foi escrito. Segundo seu sobrescrito, ele foi composto quando os zifeus denunciaram a Saul que Davi estava escondido entre eles (veja 1Sm 23.19 e 26.1). Desta forma, o salmo de Davi seria uma oração dirigida a Deus neste momento diante da iminente ameaça de Saul e da traição daqueles que eram da sua própria tribo (Zife é relacionado entre as heranças de Judá – cf. Js 15.55). Sendo um salmo de lamento, apresenta duas partes muito claras: 1) a súplica pelo socorro divino (54.1-3); 2) a afirmação de confiança no Senhor (54.4-7).

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

Na seção de seus pedidos (54.1-3), o salmista se dirige a Deus somente o chamando de “Deus”. Ele sabe que somente Deus pode salvá-lo das ameaças que enfrenta (cf. 54.1). Quando o salmista pede para que Deus faça-lhe justiça (cf. 54.1), ele espera pela ação que somente Deus poderia executar contra aqueles que o traíram.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?

Diversos são os atributos divinos que o salmista tem em mente enquanto ora. Para ele, Deus é poderoso, justo, salvador, sustentador etc. Mas, de todos os atributos há um específico que move o autor tanto a fazer seus pedidos como a confiar na resposta:

Eis que Deus é o meu ajudador,
o SENHOR é quem me sustenta a vida. (v. 4)

Na segunda parte do versículo quatro literalmente poderia se traduzir como “o Senhor é sustentador da minha vida”.

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Logo no início, Davi apresenta a base de seus pedidos:

Ó Deus, salva-me, pelo teu nome,
e faze-me justiça, pelo teu poder. (v. 1)

Sob a ameaça de Saul e diante da traição dos zifeus, Davi pede pela ajuda de Deus por causa do nome e do poder dele. Ao clamar pelo nome do Senhor, o salmista está clamando pela presença do Senhor para salvá-lo. Ao clamar pelo poder de Deus, é como se o salmista confiasse exclusivamente neste fator contra o poder dos homens.

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

Após apresentar seu pedido por livramento ao Senhor e declarar a sua confiança em Deus como seu único ajudador, o salmista declara:

Ele retribuirá o mal aos meus opressores;
por tua fidelidade dá cabo deles. (v. 5)

O salmista espera pela salvação de Deus, pois sabe que ele é justo. Ele sabe que Deus o sustenta, mas também percebe que os seus opressores não têm a mesma fé. Segundo ele, os insolentes e violentos “não tem Deus diante de si” (v. 3). Com isso em mente, ele espera pela justiça do Senhor e, por isso, desde já, o louva (cf. 54.6-7)

5. Colocando em Prática

Deus, és tu que tens sustentado a minha vida até aqui.
Já experimentei em outros momentos o teu livramento.
E sei que tu és justo no teu julgar.

Como parte da tua igreja tenho visto os inimigos se levantarem contra ela.
Porque não te conhecem, ó Deus, eles têm criado dificuldades para nós.
Lembro dos missionários que precisam trabalhar escondidos.
E estão constantemente sob ameaça de morte.

Faz justiça a eles, ó Deus!
Salva-os no campo missionário.
Dê-lhes a certeza de que tu tens os sustentados.
Para que eu, junto com eles, sempre renda louvor ao teu nome.
Pois isso é bom. Em nome de Jesus. Amém!

Geimar Lima

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(20º Dia) Salmo 13

Esse salmo é um bom exemplo de alguém profundamente perturbado com a demora de Deus. Raramente temos um salmo onde a repetição enfática da expressão “até quando!”, cobrando de Deus uma resposta ou uma ação para socorrer o salmista de suas ameaças. Antes de entrar no mérito das motivações e dos motivos que levaram o salmista externar sua agonia, devemos aprender com isso que a linguagem utilizada no salmo é um lamento que foi julgado pertinente para fazer parte do saltério. Isso significa que há um espaço e legitimidade para expressar nossa preocupação com o demora de Deus. Mesmo que alguns argumentem que o que vemos como “demora” seja, na verdade, uma estratégia de Deus para fazer as coisas acontecerem no momento certo, o exemplo do salmo 13 permanece como um lamento pertinente. O salmista está expressando seu clamor da perspectiva do seu próprio contexto e não da visão de Deus. Tentar impedir ou julgar inapropriado que cristãos manifestem qualquer tipo de angústia pela demora de Deus é algo que um salmo como esse não nos ensina. É verdade que o modo como manifestamos essa angústia será determinante para apropriada ou não, mas o salmo 13 está aqui para nos encorajar e nos ensinar a fazer isso de forma aceitável diante de Deus.

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

Como já mencionei acima, a linguagem do salmista nesse salmo é contundente, mas não é recorrente. Não é toda hora que encontramos um salmista se dirigindo a Deus com tamanho senso de pressa e angústia pelo que ele entende ser uma demora. Os exemplos de linguagem são: “até quando” (4x), “atenta para mim” (v. 3) e “responde-me” (v. 3). O que é importante observar nesse tipo de linguagem é aquilo que o seu uso pressupõe. Ao dizer a Deus “até quando” pode parecer que estamos na posição de cobrar uma ação da sua parte. Ao dizer, “esquecer-te-ás de mim para sempre”, o salmista pressupõe que Deus se esqueceu dele. Ao dizer, “até quando ocultarás de mim o rosto”, o salmista pressupõe que Deus lhe deu as costas. Todavia, quando lemos o salmo inteiro, vemos que o sentimento do salmista é diferente. Ele está realmente desesperado, mas sua pergunta “até quando?” deve ser entendida mais como um clamor por socorro a quem pode fazer alguma coisa. Nesse sentido, ter se dirigido a Deus para isso já mostra que ele sabe quem está com o poder de decisão.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?

Nesse breve salmo de lamento, há somente uma frase onde o salmista revela algo sobre o caráter de Deus: “…porquanto me tem feito muito bem” (v. 6). Essa última declaração encerrando o salmo coloca uma perspectiva diferente em tudo o que foi dito anteriormente. Por causa desse pequeno detalhe do caráter de Deus, é possível entender que a angústia reflete uma intimidade. O salmista se sente à vontade para desabafar sua ansiedade diante do seu Deus, com palavras de desespero, porque conhece o Deus a quem ele serve.

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

As perguntas “até quando?” não contam como pedidos. Há três coisas que o salmista pede nesse salmo: “atenta para mim” (v. 3), suplicando literalmente a atenção de Deus; “responde-me” (v. 3), suplicando alguma resposta ou explicação; e “ilumina-me os olhos” (v. 3), suplicando proteção para o perigo iminente de morrer nas mãos de inimigos. Veja, se a situação era grave, sua atitude diante de Deus deve mostrar isso. Conversar com Deus com se nada estivesse acontecendo, ou como se Deus nada pudesse fazer, seria uma conversa fria e artificial. O relacionamento que o salmista tem com o seu Deus não está nesse nível tão rudimentar.

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

Mesmo sendo um salmo tão curto, podemos ver com clareza o modo como ele espera a resposta de Deus. Há duas atitudes que caracterizam seu modo de esperar:

Confio na tua graça (v. 5)
Cantarei ao Senhor (v. 6)

5. Colocando em prática

Senhor Deus, onde estás? Não consigo acreditar que já chegamos a esse ponto do problema e tu permaneces longe, em silêncio e dando as costas para mim.
Oh, Deus, tu sabes que existe pessoas somente aguardando a minha queda para celebrar. Não permita que isso aconteça. Ajuda-me! Responda minha oração por socorro!
Eu sei que tu me tens feito o bem sempre e por isso aguardarei confiante e louvando o teu nome.
Não demores. Em nome de Jesus. Amém.

Daniel Santos

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(21º Dia) Salmo 70

O salmo 70 é praticamente idêntico ao salmo 40.13-17. Uma das sutis diferenças entre ambos é que o salmo 70 prefere iniciar sua oração com o termo “Deus” (cf. 70.1) ao invés de utilizar o nome da aliança “SENHOR” (cf. 40.13). Além disso, a sua brevidade quando comparada a totalidade do salmo 40 pode ser indicativa da urgência que acompanhava as petições do salmista. Uma da angústia do servo do Senhor é a repetição do termo “apressa-te” (70.1 e 5), só encontrado uma vez em 40.13-17 (no versículo 13).

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

Como sinalizado acima, o salmista prefere utilizar o termo “Deus” em posições estratégicas do salmo. Ele tanto começa como encerra sua oração desta forma:

[…]  ó Deus, em livrar-me (v. 1)
ó Deus, apressa-te em valer-me (v. 5)

Quando este termo é somado com o nome “SENHOR” é possível ver que o salmista confia tanto na transcendência e poder de Deus como nas promessas da aliança do SENHOR.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?

A ênfase do salmo recaí sobre a declaração: “Deus seja magnificado!” (70.4). Esta é uma afirmação de louvor pela grandeza de Deus à qual o salmista se apega para pedir por libertação, salvação e amparo. É a grandeza de Deus que dá-lhe certeza que que até mesmo aqueles que parecem estar em uma posição superior, pois dizem “Bem-feito! Bem-feito!”, precisarão retroceder, ou seja, serão destituídos de uma posição de destaque. Somente Deus é magnificado.

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

O início do salmo modela a interpretação de todo salmo. Imediatamente o salmista começa a pedir, fugindo do padrão conhecido de iniciar uma oração primeiro louvando ao Senhor. Precisamos lembrar do contexto de urgência deste salmo. Assim, os urgentes pedidos do salmista nos ensinam que há momentos em nossa vida que nossas orações serão curtas e “diretas ao ponto”. Porém, até mesmo em tempo de tamanha angústia, quem ora, tem como objetivo maior dos seus pedidos que “Deus seja magnificado”.

Ó Deus, livra-me!
Ó SENHOR, apressa-te em meu socorro! (Tradução pessoal de 70.1)

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

O salmista ensina que aqueles que buscam a Deus, tendo a certeza da sua grandeza, podem se alegrar enquanto aguardam pelo socorro. Tal alegria tem pelo menos três componentes: 1) o desejo para que Deus seja magnificado (cf. 70.4); 2) o amor pela salvação de Deus (cf. 70.4); 3) uma consciência humilde sobre si mesmo (cf. 70.5)

Folguem e em ti se rejubilem
todos os que te buscam (v. 4)

5. Colocando em Prática

Deus, eu fui surpreendido pela triste notícia de que __________.
Ajuda-me a lidar com esta situação!
Quanto mais o tempo passa, mais tenho me preocupado.
Por isso, Senhor clamo pela sua resposta rápida.

Se não for pela solução do meu problema.
Dá-me o contentamento e a alegria de saber que tu és soberano.
Sejas magnificado, ó Deus, em minha vida e até mesmo em minha luta.

Preciso de ti, pois sozinho não posso vencer.
Por isso, a ti me achego.
Em nome de Jesus. Amém.

Geimar Lima

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(22º Dia) Salmo 01

O salmo 1 é considerado uma abertura ao livro dos salmos por uma razão óbvia: ele realmente está na posição inicial da coleção de 150 salmos do saltério. Dizer que o salmo 1 é uma introdução ou um prefácio aos 149 salmos seguintes é algo bem mais complexo; não é fácil demonstrar e argumentar de forma convincente que isso realmente acontece. A dificuldade, todavia, pode ser por causa da definição que se tem do que seja uma introdução. Uma introdução não é uma “chave” para entender e interpretar o conteúdo que vem em seguida, mas pode ser uma “pista” que nos prepara para uma longa jornada de descobertas. A diferença entre a metáfora da “chave” e da “pista” é a atitude daquele que está em posse de cada uma delas. Aqueles que veem o salmo 1 como a chave do saltério esperam que o seu conteúdo se sobreponha sobre os demais salmos, dando-lhes o sentido intencionado pelo autor original. Aqueles que veem o salmo primeiro como uma pista para ler o saltério esperam descobrir coisas novas em cada um dos salmos. Assim sendo, esta é a pergunta inicial que devemos fazer: Qual é a pista deixada pelo salmo 1 para a leitura do saltério? Se considerarmos todo o salmo 1, e não apenas os primeiros versos, o tópico central não parece ser a diferença entre o justo e o ímpio, pois a conclusão foca em um detalhe diferente e inesperado. O salmo conclui com um cenário pitoresco denominado “congregação dos justos” (v. 5), no qual os ímpios não prevalecerão. A razão para essa esperada derrota dos ímpios é ainda mais curiosa: “pois o Senhor conhece o caminho dos justos” (v. 6). A expectativa natural seria a de esperar a derrocada dos ímpios porque o Senhor conhece “o caminho dos ímpios”, mas não é isso que o salmo diz. Assim sendo, a pista deixada por esse salmo para a leitura do saltério é essa: Qual é o caminho desse justo? E, por que o seu caminho será usado para julgar o destino dos ímpios? Quando lemos o livro dos salmos com essas duas perguntas em mente, nossos olhos se abrem para inúmeras descobertas ao longo dessa jornada maravilhosa no saltério.

Perguntas

1. Como o salmista se dirige a Deus?
2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
4. Como este salmo nos ensina a esperar?
5. Colocando em prática

Respostas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

O salmo 1 não contém nenhum pedido, clamor ou lamento; ele abre o saltério com uma responsabilidade de criar no leitor a curiosidade correta para se ler o saltério. O modo como o nome de Deus aparece na frase “pois o Senhor conhece o caminho dos ímpios” (v. 6) releva que tanto o salmista quanto os seus leitores sabiam quem ele era. Caso contrário, o salmo incluiria uma descrição mais elaborada do tipo “…criador dos céus e da terra e tudo o que nela há, etc.”

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Só há uma ação atribuída a Deus nesse salmo: “o Senhor conhece o caminho dos ímpios”. Todas as demais ações descrevem o que o justo ou o ímpio fazem.

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Como já vimos, por causa do papel desse salmo no saltério (oferecer uma pista), não encontramos nenhum tipo de pedido, clamor ou lamento.

4. Como este salmo nos ensina esperar?

O salmo inicia com três descrições negativas (não anda, não se detém e não se assenta) antes de apresentar o lado positivo: “o seu prazer está na lei do Senhor” (v. 2). Essa é a atitude recomendada; sem ela o esforço de não andar, não se deter e nem se assentar seria em vão. Outra atitude de espera que podemos aprender com esse salmo é a esperança de produzir frutos na estação certa: “no devido tempo dá o seu fruto” (v. 3). Aqui também temos que nos lembrar de que o importante não é estar plantado junto às águas e ter folhagens que não murcham; tudo isso é apenas um preâmbulo para o ato mais importante de gerar frutos. Finalmente, o salmista nos ensina a esperar com a convicção de que “os perversos não prevalecerão” (v. 5), apesar do que as evidências momentâneas possam sugerir.

5. Colocando em prática

Senhor Deus, ajuda-me a encontrar prazer na tua lei ao ponto de conseguir meditar nela de dia e de noite. Não permita que meus caminhos durante o dia me façam refém de forças inimigas. Mais do que isso, Senhor, ajuda-me a gerar frutos no tempo certo, pois a tua palavra nos diz que o perverso não prevalecerá porque tu conheces o nosso caminho. Em nome de Cristo Jesus. Amém.

Daniel Santos

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(23º Dia) Salmo 11

Esse salmo é um relato de alguém que se recusa a fugir e se esconder do perigo, conforme sugerido pelos seus contemporâneos. O salmo é uma resposta à proposta que lhe foi dada: “foge, como pássaro, para o teu monte” (v. 1). Quando somos desafiados a tomar atitudes semelhantes, precisamos reunir razões aceitar ou recusar o que nos é proposto fazer. Embora o salmo mencione diversas vezes o templo, precisamos nos lembrar de que nos dias de Davi ainda não havia templo. Logo, o termo deve ser entendido como um conceito genérico apontando para o local onde Deus se tabernaculava no meio do seu povo. Nesse caso, o tabernáculo deve ser o conceito em mente ou o local eterno da habitação de Deus nos céus.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
    2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
    3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
    4. Como este salmo nos ensina a esperar?
    5. Colocando em prática

Respostas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

Nesse salmo o salmista não se dirige diretamente a Deus, mas faz referência a ele em diversos pontos. Como dissemos acima, o salmo é uma resposta àquilo que foi proposto ao salmista como solução: fugir. Ele escreve o salmo porque se recusa a fugir; suas palavras buscam justificar sua decisão.

2. Quais atributos de deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Há diversos atributos de Deus que ficamos conhecendo nesse salmo; todos eles começam aparecer a partir do verso 4.

O Senhor está no seu santo templo (v. 4).
Seu trono está nos céus (v. 4)
Seus olhos sondam os filhos dos homens (v. 4)
O Senhor põe à prova ao justo e ao ímpio (v. 5)
O Senhor fará chover fogo sobre os perversos (v. 6)
O Senhor é justo e ama a justiça (v. 7).

Como o templo ainda não existia nos dias de Davi, o autor indicado no título do salmo, devemos entender “templo” como o local celestial da habitação de Deus. Isso explica bem a cena de alguém assentado num trono nos céus olhando para os filhos dos homens na terra. Se o conceito de templo fosse restrito ao templo de Jerusalém, essa atitude de Deus seria descrita de forma diferente. A linguagem “fará chover fogo e enxofre” (v. 6) também indica um cenário escatológico de punição e não somente o contexto imediato do templo ou tabernáculo.

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Esse salmo não contém pedidos. Como dissemos, o salmo é uma resposta à proposta que lhe foi feita de fugir para o monte.

4. Como este salmo nos ensina esperar?

A atitude de espera do salmista, mesmo não tendo feito nenhum pedido, está firmada naquilo que ele conhece sobre o caráter de Deus. Os itens listados acima descrevem o Senhor como um rei soberano, assentado em seu trono nos céus, mas muito atento àquilo que os filhos dos homens fazem, com um objetivo muito simples: colocar à prova ao justo e ao ímpio. Essa atitude nos faz lembrar do encerramento do salmo 1 que afirma a derrota dos perversos na congregação dos justos. No salmo 1, aprendemos que o Senhor julgara os ímpios porque conhece o caminho dos justos. Assim sendo, a decisão do salmista de não fugir para o monte reflete “o caminho dos justos”.

5. Colocando em prática

Senhor Deus, tenho sido aconselhado a fugir para o meu monte e me refugiar das ameaças ao meu redor. Não creio, Senhor, que deva fazer isso. Creio, antes, que tu és santo, está assentado em teu trono e observa as ações dos filhos dos homens, visando colocá-los à prova. Não vou fugir. Ajuda-me a permanecer em meio ao perigo sendo protegido por ti. Sei que tu amas a justiça e conhece o caminho dos justos, bem como dos ímpios. Em nome de Cristo, amém.

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(24º Dia) Salmo 14

Não é raro nos encontrarmos enfurecidos com o estilo de vida daqueles que não temem a Deus. O mesmo acontecia com o salmista, conforme vemos seu relato nesse salmo. O salmo 14 é uma amostra de como podemos e devemos reagir em tempos quando vemos uma atitude sínica daqueles que escolhem viver como se Deus não existisse ou como se a sua existência (ou inexistência) não fizesse qualquer diferença. Ao que tudo indica, o insensato que diz “não há Deus” não o faz em um cenário de debate ou confrontação com aqueles creem haver um Deus. A ideia do salmista é outra. Seu relato mostra que esses insensatos declaram isso com um espírito de desdém; eles nem querem se dar o trabalho de discutir se, de fato, Deus existe ou não. Ao ler o salmo 14 não vemos os insensatos interagindo com os que são tementes a Deus, tentando talvez os corromper ou dissuadi-los dos caminhos de integridade. Muito pelo contrário, o salmista relata do seu próprio ponto de vista a atitude de pessoas que parecem vivem em um universo paralelo, onde o conceito de Deus é desnecessário. Mas se eles vivem nesse universo paralelo, por que o salmista se aflige com o que eles fazem? Porque o que eles fazem causa sofrimento e dor naqueles que andam nos caminhos de Deus. No caso aqui, esses insensatos são descritos como “obreiros da iniquidade” (v. 4), possivelmente os líderes do povo, os quais causavam grande sofrimento sobre aqueles abaixo deles: “devoram o meu povo, como quem come pão” (v. 4). Tendo isso em mente, vejamos o que podemos aprender com esse salmo.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
    2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
    3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
    4. Como este salmo nos ensina a esperar?
    5. Colocando em prática

Perguntas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

Esse salmo não contém nenhuma palavra dirigida a Deus. O que quero dizer com isso é: não há uma súplica do tipo “Deus meu, salva-me!” ou “eu louvarei o teu nome, o Deus!” O salmista está fazendo uma descrição de pessoas insensatas e o modo como Deus olha para o que eles estão fazendo.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Deus olha para ver se há quem entenda (v. 2)
Deus olha para ver se há quem o busque (v. 2)
Deus está com a linhagem dos justos (v. 5)
Deus é o refúgio dos humildes (v. 6)

Observe que nenhum dos atributos listados acima descreve uma ação mais enérgica da parte de Deus punindo aquilo que os insensatos fazem e dizem. O máximo que vemos é Deus olhando para ver se há alguma coisa acontecendo. Não seria isso desnecessário? Se até o salmista sabe que os insensatos dizem abertamente que não há Deus e prosseguem agindo como se isso fosse realmente verdade, será que Deus não vê isso? Será que ele ainda precisa olhar e procurar? Veja bem, esse salmo não é um desabafo criticando a inércia de Deus, nem um salmo se alegrando com a destruição e castigo sobre a vida dos insensatos. O salmo 14 foi escrito para trazer consolo aos que são tementes a Deus. Assim sendo, é confortante saber que Deus está olhando; ele monitora com precisão o que está acontecendo; é confortante saber que Deus está com a linhagem dos justos, ou seja, está conosco, a parte sendo afligida nesse contexto. Finalmente, é confortante saber que Deus é o nosso refúgio quando os insensatos metem a ridículo o nosso conselho.

Há diversos salmos que descrevem o modo como Deus irá castigar os insensatos, mas esse não se ocupa com isso. A lição que aprendemos aqui é que não devemos encontram consolo somente com a destruição dos insensatos, mas também com a certeza desses atributos listados acima. Se a sua paz de espírito está condicionada a ver o sangue dos insensatos derramando, há algo de errado com você.

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Há somente um pedido nesse salmo: “Tomara de Sião viesse já a salvação de Israel!” (v. 7). Isso significa que enquanto o salmista escrevia esse salmo a salvação ainda não tinha chegado. O relato do salmo 14 é anterior a qualquer tipo de resposta de Deus.

4. Como este salmo nos ensina esperar?

A atitude de espera do salmista é expressa no final do salmo com as seguintes palavras: “Quando o Senhor restaurar a sorte do seu povo, então, exultará Jacó, e Israel se alegrará” (v. 7). Em outras palavras, o salmista está esperançoso de que a situação mudará. Ele aguarda o dia quando a “sorte do seu povo” será restaurada, isto é, a libertação da opressão e do escárnio causado pelos que vivem como se Deus não existisse.

5. Colocando em prática

Senhor Deus, teu povo não está comendo o pão que o diabo amassou; ele está sendo o pão que o diabo come. Ajuda-nos! Aqueles que confessam e vivem como se não houvesse Deus têm prevalecido em nossos dias. Não me deixe perder a esperança, Senhor. Dá-me forças para aguardar o dia quando tu restaurarás a nossa sorte. Em nome de Cristo, amém.

Daniel Santos

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(25º Dia) Salmo 15

O salmo 15 é uma reflexão sobre a jornada cristã no mundo real. A descrição que lemos nesse salmo não é uma receita para quem deseja morar no tabernáculo com Deus, mas sim uma tentativa de associarmos a vida eterna com o que fazemos aqui e agora. Há coisas específicas que irão mais cedo ou mais tarde abalar a estrutura do edifício da nossa espiritualidade. Duas coisas nos alertam para o fato de que o salmista não está dando uma receita para a salvação: 1) o salmo conclui com a ideia de não ser abalado; se o objetivo fosse mostrar o caminho das pedras até o céu, a conclusão do salmo seria: “quem fizer isso habitará para sempre no tabernáculo de Deus”. 2) Ninguém literalmente mora no tabernáculo, senão o próprio Deus; a definição alternativa “morar no teu santo monte” (v. 1) já é uma dica de que o salmista não está tratando de uma habitação no sentido literal. Leiamos o salmo e vejamos o que podemos aprender com ele sobre esse tema.

Perguntas

1. Como o salmista se dirige a Deus?
2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
4. Como este salmo nos ensina a esperar?
5. Colocando em prática

Perguntas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

O salmo é uma reflexão sobre a jornada cristã por meio de perguntas que são dirigidas a Deus: “Quem, Senhor, …” (v. 1). O salmista está ponderando essas coisas diante de Deus em oração e não com seus amigos; essa é a razão por que o salmo é uma oração e não um diálogo. A atitude do salmista diante de Deus não é de alguém descarregando dezenas de perguntas sobre como alguém habitará no tabernáculo; suas perguntas já vêm com as respostas. Isso significa que ele não está esperando de Deus uma resposta, mas sim apresentando um conjunto de respostas para a apreciação de Deus. Já que o salmo acabou fazendo parte da Bíblia, certamente Deus julgou as respostas pertinentes. Aí está uma prática saudável que podemos aprender com esse salmo, chegar-se diante de Deus para apresentar o que temos pensado e as respostas que temos alcançado, pedindo que ele nos mostre se estamos certos nas conclusões a que chegamos.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Esse salmo não relata nenhum atributo de Deus explicitamente. O fato de ter sido inserido na Bíblia descreve implicitamente o caráter de Deus. É como se Deus tivesse ouvido a reflexão do salmista e concluído: “sim, é isso mesmo; vou incluir isso na Bíblia para que gerações futuras saibam o que eu penso sobre isso”.

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

O salmo 15 é uma reflexão e, por isso, não contém nenhum pedido.

4. Como este salmo nos ensina esperar?

Embora o salmo não tenha qualquer pedido, há uma expectativa; o salmista escreve contando com  alguma coisa: “quem deste modo procede não será jamais abalado” (v. 5). A lista de coisas que uma pessoa deve fazer para não ser abalada e, em consequência disso, não poder morar no santo monte, está muito relacionada com duas atitudes. 1) A primeira atitude é integridade, a qual é explicada no texto como sendo a prática da justiça e um discurso verdadeiro (v. 2). Logo, essa integridade não está presente naqueles que difamam com sua língua, fazem mal ao próximo e lançam injúria contra o seu vizinho (v. 3). 2) A segunda atitude é uma honra pelos que temem ao Senhor, honra essa que comunica seu desprezo pelo réprobo. A julgar pelas palavras usadas no salmo, aquilo que o salmista despreza tem a ver com dinheiro e o modo como isso corrompe a integridade humana.

Não é fácil esperar por essas coisas no mundo em que vivemos, mas pelo menos o salmista conseguiu formular o que ele pensava em termos que fossem aceitáveis diante de Deus. Será que podemos fazer isso também? A linguagem dos salmos revela o resultado de um aprendizado consistente que, no devido tempo, começa a dar o seu fruto.

5. Colocando em prática

Senhor Deus, como crescem os que praticam injustiça contra os que temem o teu nome! Como crescem os que usam os recursos que têm para causar ainda mais sofrimento aos que nada têm! Ajuda-me a continuar crendo que tais pessoas não permanecerão por muito tempo, mas serão eventualmente abaladas. Quero morar contigo para sempre, quero continuar crendo e esperando, quero continuar vivendo com integridade e honrando aos que temem a ti. Em nome de Cristo, amém.

Daniel Santos

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(26º Dia) Salmo 16

O salmo 16 é um lamento que mistura palavras de esperança e angústia a respeito de uma determinada ameaça. O salmista não fala o que exatamente aconteceu, o que é comum nos salmos. O que sabemos é que havia pessoas “trocando o Senhor por outros deuses” (v. 4) e isso, de alguma forma, criava uma ameaça ao salmista: “estando ele à minha direita, não serei abalado” (v. 8) e “pois não deixará minha alma na morte” (v. 10). O que não está claro é a relação entre a apostasia daqueles que trocaram o Senhor por outros deuses e a ameaça descrita pelo salmista. A única explicação que consigo ver é a de que as deserções e apostasias colocavam em risco a estabilidade do salmista que era rei em Jerusalém. Ou seja, o salmista está percebendo que esses atos de apostasia estão indiretamente criando uma expectativa de que ele será o próximo a abandonar o barco. O salmo é escrito para ajudá-lo a ver essa situação sob uma nova perspectiva.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
    2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
    3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
    4. Como este salmo nos ensina a esperar?
    5. Colocando em prática

Perguntas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

O salmo é claramente um clamor por proteção: “guarda-me, ó Deus” (v. 1), mas é também um diálogo simulado entre sua alma com Deus. Essa particularidade não é fácil de ser vista da tradução atual, mas no hebraico e em versões mais antigas o verso 2 diz: “ela [minha alma] diz ao Senhor”. Sabemos que é a alma quem está falando por que o verso 10 irá colocá-la de volta no centro da preocupação: “pois não deixarás a minha alma na morte”.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Há vários atributos que o salmista menciona nesse salmo, os quais lhe ajudam a se manter firme em meio às ameaças ao seu redor.

“Tu és o meu Senhor” (v. 2)
“O senhor é a porção da minha herança” (v. 5)
“O Senhor é o meu cálice” (v. 5)
“O Senhor é o arrimo da minha sorte” (v. 5)
“O Senhor o aconselha durante a noite” (v. 7)
“O Senhor não deixará a minha alma na morte” (v. 10)
“O Senhor não permitirá que o fiel veja a corrupção” (v. 10)
“O Senhor me fará ver os caminhos da vida” (v. 11)

Observe que os atributos de Deus (aquilo que ele é) e aquilo que ele faz servem como combustível para manter viva a esperança do salmista. Para os que não conhecem tais atributos ou não conseguem se lembrar deles, o salmo ficou registrado como um importante auxílio.

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

O salmo contém somente um pedido: “guarda-me” (v. 1). Considerando a situação, o salmista poderia ter feito muitos outros, como fez em outros salmos, por exemplo, pedindo a punição de Deus sobre os que trocaram o Senhor por outros deuses. Isso nos ensina uma importante lição; precisamos saber mensurar o que realmente precisamos e qual é o centro da ameaça. Embora ele pudesse ter feito isso, pedir pela destruição dos que se apostataram não resultaria em proteção para sua alma. Nossa alma encontra refúgio em Deus e não da destruição de nossos inimigos.

4. Como este salmo nos ensina esperar?

Esse salmo contém uma lista longa de atitudes práticas que o salmista cultiva para abastecer sua esperança.

Ele faz com que sua alma repita: “outro bem não possuo, senão a ti somente” (v. 2)
Ele procurar ter prazer “nos santos que há na terra” (v. 3) e não nos que se desviaram.
Ele lembra a sua alma de que o Senhor é a sua porção (v. 5).
Ele lembra a sua alma de que a sua herança é linda (v. 6).
Ele lembra a sua alma de que o Senhor está sempre à sua direita” (v. 8).
Ele lembra a sua alma de que o Senhor não a deixará na morte (v. 10).
Ele lembra a sua alma de que o Senhor ainda a fará ver os caminhos da vida (v. 11).

Por todos esses motivos o salmista consegue esperar confiante, mesmo vendo aqueles ao seu redor abandonando o Senhor e indo após outros deuses. Especialmente o último item da lista: “ver os caminhos da vida”. Segundo o salmista, os caminhos de vida são caminhos trilhados na presença de Deus, onde há plenitude de alegria e delícias perpetuamente.

5. Colocando em prática

Senhor Deus, guarda minha alma de ser abalada com os que escolhem se afastar de ti. Ajuda-me a continuar me lembrando de quem tu és e do que tu fazes. Ajuda-me a encontrar prazer na minha herança e em teus santos. Ajuda-me e ver que estás sempre à minha direita. Ajuda-me a esperar pelos dias quando trilharei os caminhos da vida, quando experimentarei plenitude de alegria e delícias perpétuas. Em nome de Cristo, amém.

Daniel Santos

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(27º Dia) Salmo 84

Há um anseio presente no coração dos homens criados à imagem de Deus pela presença do Senhor. O salmista expressa este anseio como se fosse pela casa de Deus, porém o seu desejo é pela presença daquele que simbolicamente estava ali. Este salmo é semelhante aos salmos 42-43, onde o salmista também tinha esta aspiração (cf. “Como suspira a corça pelas correntes de água, assim, por ti, ó Deus, a minha alma” de 42.1). Porém, a diferença é que no salmo 42 a lembrança é triste. O salmista foi obrigado a se afastar dos tabernáculos de Deus. No salmo 84, a esperança é feliz, como de alguém que está ao final da sua jornada de peregrinação ao lugar onde deseja chegar. Esta peregrinação tem seu trajeto poético na forma como o salmista fala de bem-aventurança e felicidade.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
    2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
    3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
    4. Como este salmo nos ensina a esperar?
    5. Colocando em prática

Perguntas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

A forma como o salmista se dirige a Deus revela o seu amor e o que C. S. Lewis chama de seu “apetite por Deus”. Ele escalona seu anseio como perpassando sua alma, o seu coração e a sua carne (v. 1). Porém, este anseio parece ser motivado pela necessidade de segurança que o salmista sente. No salmo, em quatro momentos o salmista chama Deus de “SENHOR dos Exércitos” (v. 1, 3, 8, 12), inclusive com este termo formando uma moldura para o salmo, estando no primeiro e no último versículo. É esta segurança que é retratada na seguinte comparação:

O pardal encontrou casa,
e a andorinha, ninho para si,
onde acolha os seus filhotes;
eu, os teus altares, Senhor dos Exércitos,
Rei meu e Deus meu! (v. 3)

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Tanto o anseio do salmista como sua oração se sustentam em sua certeza de que o Senhor é um Deus de graça. E o desejo do salmista de estar em sua presença é guiado pela graça da proteção que somente o Senhor pode conceder.

Porque o Senhor Deus é sol e escudo;
o Senhor dá graça e glória (v. 11)

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Existe apenas um pedido por tema explícito no salmo:

Olha, ó Deus, escudo nosso
E contempla o rosto do teu ungido. (v. 9)

Na primeira parte do verso, o hebraico da a entender o seguinte: “Olha, ó Deus, o nosso escudo”. O salmista está orando em favor do rei, o ungido de Deus. Veja que da mesma forma que “Deus é sol e escudo” (v. 11), o ungido é “nosso escudo” (v. 9). Este não é o pedido em favor de um governante político, mas um pedido em favor do rei escolhido por Deus para dar graça ao seu povo. O bem-estar do rei, significava, o bem-estar do povo e em especial, do culto a Deus.

4. Como este salmo nos ensina esperar?

Em três momentos o salmista utiliza o termo “bem-aventurado” (v. 4, 5) ou “feliz” (v. 12) que no hebraico é o mesmo. Nos três usos, a felicidade, recompensa ou bem-aventurança está vinculada à confiança em Deus. O salmista que anseia pela presença de Deus, que pede em favor do seu rei, confia no Senhor dos Exércitos. Nossos pedidos, devem ser moldados pela mesma confiança que dá alegria e contentamento.

5. Colocando em prática

Senhor, é a tua presença que dá vigor à vida. Por isso, peço que sempre eu anseie dela desfrutar. Tenho a certeza de que ela é um privilégio e, isso faz com que a ame ainda mais. Estar em tua casa e, também, poder estar diante de ti em oração é sinal da tua graça para comigo. Graça que foi comprada pelo meu Rei e escudo, Cristo. Por isso, desfruto dela e peço que seu reino venha a nós para que o teu povo esteja um dia para sempre contigo. Em nome de Jesus. Amém!

Geimar Lima

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(28º Dia) Salmo 17

O salmo 17 é mais um exemplo de oração de alguém já indignado com a iniquidade e angustiado com a demora de Deus em agir. Como já vimos, nem todos os salmos assumem essa postura, mas os que fazem uso desse tipo de linguagem deixam uma impressão de ser palavras não apropriadas para serem dirigidas a Deus. Todavia, esse receio se deve ao fato de considerarmos a oração como um diálogo previsível e controlado, comumente repetindo frases de efeito e expressões que aprendemos em nossa caminhada cristã. Minha opinião sobre isso é a de que, se tivermos que aprender a orar, aprendamos com quem fez isso de forma inspirada. Os salmos são exemplos de linguagem adequadas mostrando o modo como servos de Deus reagiram em oração diante de suas dificuldades. Leiamos o salmo 17 e vejamos o que podemos aprender a esse respeito.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
    2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
    3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
    4. Como este salmo nos ensina a esperar?
    5. Colocando em prática

Perguntas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

O modo como um salmo inicia é determinante para descobrirmos como o salmista de dirige a Deus. Isso não significa que estamos focando apenas em expressões de tratamento ou expressões específicas. No caso desse salmo, é evidente a angústia do salmista por perceber que Deus não parece estar lhe ouvindo: “Ouve, Senhor, a causa justa, atende ao meu clamor, dá ouvidos à minha oração!” (v. 1). Mais adiante ele repete: “inclina-me os ouvidos e acode às minhas palavras” (v. 6). Veja, se Deus tivesse já respondido à sua súplica não estaríamos lendo esse salmo; essa oração foi escrita exatamente porque nenhuma resposta foi dada desde que o salmista começou a se preocupar com isso. Isso nos ensina, então, que até mesmo as orações dos salmistas não eram atendidas imediatamente; eles tiveram que aguardar o tempo de Deus e, ao fazer isso, acabaram tendo que aprender também a não deixar que a angústia fosse maior que a esperança.

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Esse salmo é dedicado mais para descrever os perversos do que os atributos de Deus. Há, porém, duas coisas que o salmista menciona sobre os atributos de Deus: “Deus responde” (v. 6) e Deus é bondoso (“mostra as maravilhas da tua bondade”, v. 7).

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

O salmo está repleto de pedidos. Há pedidos que o salmista faz a seu respeito e a respeito dos perversos. Os pedidos sobre ele mesmo são:

“Ouve a causa justa que procede de lábios não fraudulentos” (v. 1).
“Baixe de tua presença o julgamento a meu respeito” (v. 2)
“Sondas-me o coração e provas-me no fogo” (v. 3)
“Inclina-me os ouvidos e acode às minhas palavras” (v. 6)
“mostra as maravilhas da tua bondade” (v. 7)
“Guarde-me como a menina dos olhos” (v. 8)
“Esconde-me à sombra das tuas asas” (v. 8)

Os pedidos sobre os perversos são:

“Levanta-te, Senhor, defronta-os e arrasa-os” (v. 13)
Use a espada contra eles (v. 13-14)

Os pedidos que o salmista faz levam-nos a pensar que Deus não tem feito qualquer uma dessas coisas mencionadas. Há diversos salmos que nos passam a impressão de que o salmista está dando uma lista de ideias a Deus de como agir e repreender os seus adversários. A começar pelo verso de abertura do salmo “Ouve, Senhor, a causa justa” (v. 1). Ora, quem vai decidir se a causa é ou não justa não é o salmista. O modo como devemos ler esse tipo de linguagem é crucial para entendermos a mensagem. Não se trata de uma reclamação ou imposição a Deus, mas um lamento que expressa genuinamente os sentimentos daquele que ora. Quando dirigidos a Deus, lamentos como esses são muito bem vindos e nos ensinam a conseguir por em palavras nossa indignação.

4. Como este salmo nos ensina esperar?

Como acontece em vários salmos de lamento, mas não em todos, o salmista termina sua oração com um tom esperançoso:

“Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança” (v. 15).

5. Colocando em prática

Senhor Deus, ajuda-me a colocar em palavras aquilo que tem me angustiado; quero dar nome às minhas aflições. Ajuda-me a fazer isso enquanto tu não me respondes. Em nome de Cristo, amém.

Daniel Santos

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(29º Dia) Salmo 108

O salmo 108 possivelmente é a união de dois trechos e outros dois salmos, o 57.7-11 e o 60.5-12. Porém, enquanto naqueles o salmista inicia suas orações de uma situação adversa, com os seus inimigos o ameaçando (cf. “até que passem as calamidades” de 57.1) e de uma situação de derrota e abandono (cf. “tu nos rejeitastes e nos dispersastes” de 60.1), no salmo 108 ele inicia sua oração com a confiança que foi desenvolvida no salto 57 (cf. “firme está o meu coração” de 108.1 e 57.7). Qual é a razão do salmista unir dois salmos de lamento em um salmo que inicia com confiança (108.1-5) e termina com um lamento (108.6-13)? Há razão para isso é que o salmista está fazendo exatamente o que o salmo anterior, isto é, o 107 recomendou fazer:  “Quem é sábio atente para essas coisas e considere as misericórdias do SENHOR” (107.43); e, principalmente, o eco ou refrão do salmo 107 “Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, e a sua misericórdia, dura para sempre” (107.1, 8, 15, 21, 31). Portanto, o salmo 108 responde a esse chamado imediato: “Firme está o meu coração, ó Deus […] Render-te-ei graças entre os povos, ó SENHOR!” (108.1, 3).

 

Perguntas

  1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?
  2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
  3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
  4. Como este salmo nos ensina a esperar?
  5. Colocando em prática

 

Respostas

1. Como é a linguagem utilizada pelo salmista?

É possível perceber a preferência do salmista pela designação “Deus” (6 vezes) ao nome SENHOR (1 vez). Este é um indicativo de um salmo que foi composto em um período de possível adversidade para o salmista, uma vez que se apega mais a soberania de Deus sobre toda a terra do que ao relacionamento próprio de Deus com o seu povo, fundamentado no nome da aliança SENHOR. Há um momento em que o salmista até mesmo questiona: “Não nos rejeitaste, ó Deus?”.

 

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?

Este é o salmo em que o salmista responde ao chamado do salmo 107 para render graças a Deus. E o salmista, então, apresenta a razão da sua gratidão:

Porque acima dos céus se eleva a tua misericórdia,
e a tua fidelidade, para além das nuvens.

Apesar do tom de lamento com o qual o salmo se encerra, os pedidos do salmista por salvação e socorro podem ser feitos porque ele confia que Deus é misericordioso e que a sua fidelidade é o que assegura o cumprimento das suas promessas em favor do seu povo.

 

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

Após expressar a sua confiança em Deus (108.1-5), o salmista revela que seu salmo não é apenas um hino, mas também um lamento. Ele é mais uma oração do que um cântico:

[…] salva com a tua destra e responde-nos. (v. 6)

No entanto, este movimento dos salmo da ação de graças para o lamento, nos ensina uma verdade fundamental da fé cristã: o resgate total das adversidades é algo reservado para o futuro, quando o Senhor não terá mais inimigos. Davi depois de louvar a Deus pelo sua misericórdia e fidelidade, vê-se novamente em uma situação que exige que ele peça pelo socorro divino. E nos ensina que seus pedidos se baseiam nas promessas de Deus:

Disse Deus na sua santidade (v. 7)

Em sua santidade Deus prometeu vitórias para o povo de Israel sobre os seus inimigos (108.7-9). Por isso, o salmista questiona a aparente rejeição (108.10-11). No entanto, pede para que o SENHOR socorra o seu povo e o livre de seus adversários (108.12)

 

4. Como este salmo nos ensina a esperar?

O salmo é moldado pela confiança do salmista em Deus.

Firme está o meu coração, ó Deus (v. 1)
Em Deus faremos proezas (v. 13)

Para aquele que ora existe a certeza de que o Senhor cumprirá aquilo que prometeu. Se sua promessa é de exaltar Israel diante de seus inimigos (108.7-9), o salmista confia que eles farão proezas, pois o Senhor destruirá os seus adversários (108.12). Como o Senhor prometeu que um dia voltará e eliminará todos os seus inimigos, assim a sua igreja espera pelo cumprimento do seu juramento com esperança.

 

5. Colocando em prática

Deus Santo, a sua misericórdia tem se renovado a cada manhã sobre minha vida,
Por isso, sou grato a ti, ó Deus.
O sustento não tem me faltado e a sua graça é perceptível em vários momentos do meu dia.
Acima disso, tu tens renovado a minha esperança de dias que serão ainda melhores.
Por isso, ó Deus, peço que pela tua misericórdia, tu me auxilies nas lutas que ainda restam.
Quer sejam elas presentes ou futuras.
Pois, ó Deus, em tua santidade prometestes, que pelos méritos de Cristo, eu posso me achegar ao trono da graça a fim de receber misericórdia e achar graça em situação oportuna (Hb 4.14-16)
Portanto, no nome dele, faço esta oração confiante. Amém.

Geimar Lima

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(30º Dia) Salmo 18

Chegamos ao fim de nossa maratona de 30 dias lendo e orando os salmos. Vimos diversos tipos de salmos e já aprendemos muito sobre como se dirigir a Deus, como pedir, como esperar e, acima de tudo, como conhecer os atributos de Deus registrados nesses salmos. No salmo de hoje temos um exemplo raro e muito diferente do que vimos nos últimos trinta dias. Primeiro, é um salmo mais longo do que os analisados anteriormente; entre todos os 150 salmos, somente 4 têm 50 versículos ou mais: Salmo 18 (50 versículos), salmo 78 (72 versículos), salmo 89 (52 versículos) e o salmo 119 (176 versículos). Em segundo lugar, o salmo 18 foi escrito depois de um grande livramento de Deus, enquanto a maioria dos salmos tratados refletem uma situação anterior à resposta ou livramento de Deus. Em terceiro lugar, o modo como o salmista se dirige a Deus nesse salmo é único. Assim sendo, prossigamos para nosso último dia de leitura dessa jornada.

Perguntas

  1. Como o salmista se dirige a Deus?
    2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo neste salmo?
    3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?
    4. Como este salmo nos ensina a esperar?
    5. Colocando em prática

Perguntas

1. Como o salmista se dirige a Deus?

O modo como o salmista se dirige a Deus nesse salmo não é usado em nenhum outro salmo. Embora não pareça algo raro, mas ninguém jamais disse a Deus em todos os 150 salmos “eu te amo, ó Senhor!” Acrescenta-se a isso o uso de um verbo em hebraico que raramente é usado para expressar amor por alguém. Geralmente a expressão é usada com o seu significado mais comum que é o de ter ou demonstrar compaixão. Curiosamente, a primeira vez em que essa palavra foi usada na Bíblia, era Deus quem estava falando sobre seu próprio caráter: “Senhor, Senhor, Deus compassivo e longânimo” (Ex 34.6). No caso do salmo 18, realmente não ficaria bem dizer que o salmista tinha compaixão de Deus; a escolha pelo sentido “amor” é a melhor mesmo. De qualquer forma, o modo como o salmista se dirige a Deus nesse salmo deve nos fazer pensar: qual foi a última vez que você disse em uma oração, especialmente em público, ‘Senhor, eu te amo’?

2. Quais atributos de Deus ficamos conhecendo nesse salmo?

Como já dissemos, esse salmo é um longo relato do que Deus fez em favor do salmista. Há muita coisa que ficamos sabendo sobre Deus, mas o verso 2 lista sete atributos de Deus em sequência: 1) O Senhor é a minha rocha, 2) o Senhor é a minha cidadela, 3) o Senhor é o meu libertador, 4) o Senhor é o meu rochedo em que me refugio, 5) o Senhor é o meu escudo, 6) o Senhor é a força da minha salvação e 7) o Senhor é o meu baluarte.

O restante do salmo é um relato de como esses sete atributos foram percebidos e colocados em prática ao longo de suas aflições. Por exemplo: nos versos 4-5 o salmista diz que laços de morte o cercaram e torrentes de impiedade me impuseram terror; no verso 6 ele diz que invocou o Senhor, gritando por socorro, e sua oração foi ouvida. Na sequência, uma longa descrição poética descreve um cenário cinematográfico de Deus descendo para socorrer, como se estivesse socorrendo alguém se afogando em ondas impetuosas: “Do alto me estendeu a mão e me tomou; tirou-me das muitas águas. Livrou-me de forte inimigo e dos que me aborreciam, pois eram mais poderosos do que eu” (18.16-17). Toda essa descrição é um exemplo de como Deus é o seu libertador.

Há um segundo momento no salmo 18 quando o salmista afirma um atributo específico de Deus que se destaca dos demais: “O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada” (18.30). A partir desse ponto o salmo se ocupa em descrever o modo como o Senhor efetuou o livramento de seus inimigos. Novamente a descrição segue um estilo figurado e, por isso, pode ser facilmente aplicado para muitas situações semelhantes ao que o salmista experimentou.

3. Como os pedidos do salmo nos ensinam a pedir?

O salmo 18 não contém nenhum pedido, pois o salmista já descreve o livramento e a resposta de Deus. O grande aprendizado com esse salmo tem a ver com o modo como guardamos na memória o que Deus fez em nosso favor e o modo como contamos às vindouras gerações. Davi resolveu contar sua experiência com Deus em forma figurada, tornando seu relato mais vivo e empolgante. Uma parte importante do exercício de intercessão é o cuidado em relatar os feitos do Senhor de tal maneira que as pessoas que leem e ouvem nossa narrativa sejam encorajadas a buscar semelhante auxílio no mesmo Deus que adoramos.

4. Como este salmo nos ensina esperar?

O salmo não trata desse ponto.

5. Colocando em prática

Senhor Deus, ajuda-me a guardar na memória todos os teus feitos em meu favor. Quero que os que me rodeiam vejam a tua mão poderosa planejando e executando livramento. Permita, ó Deus, que os que me rodeiam vejam não somente a minha angústia, mas o benefício em aguardar a vingança que procede de ti. Quero louvar-te para sempre, quero tornar conhecido os teus feitos, quero viver para tua glória.
Em nome de Cristo, amém.

Daniel Santos

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