Estive pensando esses dias sobre o provérbio: “Não havendo bois, o celeiro fica limpo, mas pela força do boi há abundância de colheitas” (Pv 14.4). O trabalho do ser humano é auxiliado, desde o princípio da humanidade, pela força dos animais. Especialmente depois da queda, quando o trabalho humano foi dificultado pela presença das pedras e os espinhos, a força do boi, puxando o arado para preparar o solo, representa um grande auxílio à nossa tarefa. Essa é a parte boa do provérbio.
Todavia, o benefício da força do boi traz consigo a inevitável sujeira causada por sua presença no celeiro. A palavra “celeiro” pode também ser traduzida por “estábulo” ou “coxo”. Não tem como manter o estábulo limpo quando o boi está presente. Por outro lado, não tem como obter uma colheita abundante sem a ajuda do boi. No final das contas, o contraste é entre a sujeira causada pelo boi e a abundância que ele proporciona.
Foi isso que me fez pensar no seguinte: a grande mensagem desse provérbio é que precisamos aprender a ter paciência com a “sujeira” causada por aqueles que nos auxiliam a carregar um fardo que não conseguiríamos levar sozinhos. A “sujeira”, em nosso contexto hoje, pode ser: a morosidade, o desperdício, a má vontade, a motivação errada, a falta de profissionalismo, a falta de criatividade daqueles que querem nos auxiliar. Todas essas coisas acabam sendo comparáveis à sujeira que o boi faz no estábulo.
Precisamos do boi porque não temos a sua força. Não temos a sua força por que foi Deus quem nos fez assim. Logo, a nossa dependência dos “bois da nossa vida” deve ter uma finalidade. A dependência uns dos outros no corpo de Cristo é uma situação intencionalmente criada por Deus, pois ele não quer que uma pessoa sozinha faça todo o serviço. Se ele nos tivesse criado com a força do boi, não precisaríamos depender dos outros e nem ter que aguentar a “sujeira” que eles fazem.
Raramente teremos à nossa disposição todos os meios para obter o que queremos. Deus geralmente nos fará depender de um “boi”. Quem é o seu “boi” hoje? Pense nisso.
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