O filme 300 conta a história da batalha entre o exército de Leônidas, rei de Esparta e de Xerxes, rei da Pérsia. Nele, a estratégia militar adotada por Leônidas é enfatizada. Para conseguir resistir as investidas de um exército muito maior, os 300 espartanos precisavam se agrupar como uma unidade de batalha entre dois paredões que formavam o estreito das Termópilas. Ali, à medida que o exército inimigo atacava, o grupo coeso se beneficiava do aspecto geográfico da região. Isso acontecia porque a falange de guerreiros formava uma espécie de parede única com os paredões laterais (veja a imagem acima).
Assim, só existia uma forma da estratégia funcionar: não poderia haver falhas na unidade, pois como o próprio Leônidas disse a Ephialtes: “Lutamos como uma unidade impenetrável. Este é o grande segredo da nossa força. Cada espartano protege o homem à sua esquerda da coxa até o pescoço. Um único ponto fraco e a falange se estilhaça”.
Os inimigos ouviram algo que os fazia temer Israel
Quando Josué e o exército de Israel invadiram Canaã, o mesmo princípio pareceu a eles válido. Porém, ao invés de se defenderem a estratégia se baseava em atacar sob as ordens do Senhor. No entanto, tudo mudou, pois um dia ao invés de avançar, Israel precisou se defender, porque foram os inimigos que começaram a atacar.
Por que começaram a atacar? Porque descobriram um ponto fraco naquela que até então era a unidade coesa sob os comandos do Senhor e de Josué.
Os capítulos 9, 10 e 11 de Josué marcam esta mudança. Até então, Israel cercava as cidades, até mesmo as rodeava por sete dias sem que o exército inimigo revidasse. Isso acontecia, porque estes estavam reclusos em suas cidades, amedrontados pelo que ouviram falar a respeito do que Deus fez em favor de Israel:
Sucedeu que, ouvindo todos os reis dos amorreus que habitavam deste lado do Jordão, ao ocidente, e todos os reis dos cananeus que estavam ao pé do mar que o SENHOR tinha secado as águas do Jordão, de diante dos filhos de Israel, até que passamos, desmaiou-se-lhes o coração, e não houve mais alento neles, por causa dos filhos de Israel. (Josué 5.1)
Os inimigos ouviram algo que os fez atacar Israel
No entanto, assim como ouviram falar que o Senhor secou o Jordão, também ouviram falar[1] a respeito de uma falha e fraqueza de Israel. Ela foi evidenciada na batalha contra a cidade de Ai, em que na primeira investida Israel foi derrotada (cf. Js 7.5). A partir dali, o coração dos próprios israelitas começou a ter medo.
Foi a respeito desta derrota que todos os reis ao redor “ouviram falar”, o que os encorajou a começarem a atacar Israel. Porém, antes que pensemos que Israel falhou militarmente, o próprio Senhor aponta a natureza do seu erro:
Israel pecou, e violaram a minha aliança, aquilo que eu lhes ordenara, pois tomaram das coisas condenadas, e furtaram, e dissimularam, e até debaixo da sua bagagem o puseram. Pelo que os filhos de Israel não puderam resistir aos seus inimigos (Js 7.11-12)
O Senhor estava se referindo ao pecado de Acã que na conquista de Jericó tomou para si objetos consagrados aos ídolos (cf. Js 7.20-21). Isto fez com que o Senhor se irasse com Israel, permitindo a sua derrota.
Conclusão
Desta forma, é possível perceber que o erro de Israel não foi físico ou estratégico, mas espiritual. Na desobediência de Acã, uma falha na falange que seguia de forma coesa as ordens do Senhor foi evidenciada. Por isso, ao ouvirem a respeito da consequência, isto é, que Israel temporariamente fora derrotado, os reis de Canaã aproveitaram para iniciar uma sequência de ataques ao povo de Deus.
Como cristãos, esta história é um alerta para nós de três formas:
- Estamos em uma batalha e o inimigo procura fraquezas para nos atacar. Satanás está à espreita, como um leão que rodeia a sua presa, esperando a melhor oportunidade para atacar (cf. 1Pedro 5.8);
- Precisamos cuidar uns dos outros para que a falange não se rompa. Paulo nos ensina que se um membro do corpo de Cristo sofre, todos sofrem com ele (1Co 12.26). Por isso, assim como cada espartano precisava proteger seu companheiro da coxa até o pescoço, nós precisamos nos exortar mutuamente para que nenhum de nós seja endurecido pelo engano do pecado (cf. Hb 3.13) vindo a perecer.
- Se o inimigo não deve ouvir a respeito de nossa fraqueza, o Senhor precisa ouvir. Jesus foi tentado em todas as coisas à nossa semelhança, mas sem pecado. Por isso, sabe que precisamos nos achegar “junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4.14-16)
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[1] Veja como cada um dos três capítulos (9-11) de Josué começam: 1) ouvindo isto todos os reis que estavam daquém do Jordão (9.1); 2) Tendo Adoni-Zeque, rei de Jerusalém, ouvido (10.1); 3) Tendo Jabim, rei de Hazor, ouvido isto (11.1).