O pobre é odiado até do vizinho, mas o rico tem muitos amigos. O que despreza ao seu vizinho peca, mas o que se compadece dos pobres é feliz. (Pr 14:20-21)
Quantos já perguntaram aos filhos (especialmente os menores de sete anos) se acham que sua família é “pobre”? Faça um teste. Pergunte também quem, na visão deles, são as pessoas pobres que eles conhecem? É curioso pensar no parâmetro inconsciente que criamos para definir quem são os pobres ao nosso redor. Este provérbio, entretanto, vai um passo além e comenta (na verdade, critica!) a inclinação igualmente inconsciente que temos em relação àqueles que são ricos. A relação que geralmente temos com pessoas pobres depende muito da nossa própria condição social, mas compaixão nunca deveria estar condicionada ao nosso padrão de vida. O provérbio não propõe nenhuma solução para resolver a situação dos pobres, mas considera como pecado a falta de compaixão para com os que são pobres. Dependendo do local onde moramos e o estilo de vida que temos hoje, nossos filhos talvez nunca viram “pobreza” no sentido mais extremo da palavra. Quando isso acontece, geralmente eles associam pobreza com os pedintes e mendigos nos semáforos da cidade, ou pessoas dependentes de drogas ou álcool que amanhecem nas calçadas próximas do portão da igreja. Mas será que esta é realmente a melhor definição de pobreza? Ou, será que esta é a compreensão de pobreza que o autor do livro de provérbios tem em mente? Para ensinarmos nossos filhos a ter compaixão precisamos ensiná-los a conhecer a pobreza extrema em que algumas pessoas vivem. Precisamos ensiná-los que a Bíblia considera pecado a falta de compaixão pelos que são realmente pobres, mas não exige que nenhum de nós resolvamos individualmente a situação deles.
Daniel Santos