O insensato não tem prazer no entendimento, senão em externar o seu interior.
(Provérbios 18.2)
Não é fácil discernir a verdadeira motivação de uma pessoa com respeito àquilo que faz, fala ou pensa. Na verdade, há situações em que nem mesmo a pessoa sabe porque fez o que fez. Esse provérbio apresenta uma excelente ferramenta para identificar insensatez ou tolice na atitude de alguém, a saber, o modo como valorizamos o ato de entender as coisas. Há duas ideias que são comparadas nesse provérbio: de um lado, o prazer no entendimento; do outro, o prazer em externar o seu interior. Externar o seu interior (literalmente, “tornar conhecido o seu coração”) pode ser entendido como um excesso de sinceridade ou de um desejo de colocar para fora aquilo que está no coração.
À primeira vista, parece não haver nada de errado com a atitude de ser demasiadamente sincero e transparente, não escondendo nada em seu coração. Entretanto, a sabedoria de Deus revelada nesse provérbio nos adverte que há maior benefício em buscar entender do que em revelar o que está no coração. Além disso, o provérbio classifica como insensato ou tolo aquele que prefere o excesso de sinceridade a laboriosa tarefa de entender o que se passa. A razão para tal preferência parece óbvia – colocar para fora aquilo que pensamos nos causa alívio; tentar entender o que se passa nos causa fadiga.
Diante disso, não temos como fugir da conclusão de que o prazer em externar o seu interior estará invariavelmente associado com o ato de falar demais, postar demais, curtir demais, blogar demais. Todas essas coisas são formas de externar o seu interior e quem as pratica é considerado insensato pela ótica bíblica. Quando o prazer de uma pessoa está no entendimento, ela se torna mais seletiva quanto ao que irá externar. Eis alguns exemplos de externar o interior que procedem de uma pessoa que ama o entendimento: o louvor, a confissão, a súplica, a gratidão, etc. Todas essas manifestações são fruto de um processo prévio de reflexão e entendimento daquilo que se passa.
Aplicação
O alívio de ter colocado para fora o que se pensa não paga a vergonha de ser chamado de tolo. Você já considerou a possibilidade de que o seu desejo excessivo de externar o seu coração pode causar aflição no coração dos que ouvem?
9 Comentários
flavia malveira
11/23/2016 at 08:52Amei. Que verdade. Senhor nos ajude!!!
Daniel Santos
11/23/2016 at 15:46Olá Flávia, obrigado pelo feedback. QUe ele ajude a todos nós.
Andrei
11/23/2016 at 21:16Excelente texto. O assunto, aparentemente simples, é de uma complexidade muito grande. E os desdobramentos que isso pode gerar em nossas relações são incontáveis, e mais profundas do que podemos imaginar. Enfim, uma pérola de sabedoria explicada maravilhosamente. Ajudou-me muitíssimo.
Daniel Santos
11/23/2016 at 23:01Olá Andrei, obrigado pelo comentário. Concordo com você; os provérbios são como pérolas pouco exploradas pelo leitor evangélico. Há muito que podemos e devemos aprender com a literatura sapiencial do Antigo Testamento, mas para isso, precisamos treinar nossos olhos e nossa mente. Esse é o propósito dessa minha série “Sabedoria em Provérbios”.
João Washington
11/26/2016 at 17:30Quantas implicações interessantes a partir de um versículo tão simples. Excelente artigo! A cada dia a Palavra de Deus nos surpreende, exorta e corrige. Irmão Daniel, que o Senhor abençoe essa obra e que Ele seja sempre glorificado através dela. Soli Deo Glória!
Daniel Santos
11/29/2016 at 10:28Olá João,
Obrigado pelo feedback. Sem dúvida, a Palavra de Deus é muito rica.
Clicia Bastos
01/07/2017 at 11:21Vivi a experiência da sinceridade excessiva!Confesso que é uma experiência um tanto quanto dolorosa no momento!
Clicia Bastos
01/07/2017 at 11:23Vivi a experiência da sinceridade excessiva
Confesso que é um pouco dolorida no momento que se escuta ou vive esse experiência.
janete
03/10/2017 at 15:32muito bom o seu artigo