As mãos preguiçosas empobrecem o homem,
porém as mãos diligentes lhe trazem riqueza. (Pv 10:4 NVI)
A relação da pobreza com a preguiça é muito consistente em Provérbios. Este é um tema que recebeu tratamento especial na primeira seção do livro (Pv 1-9), como vemos na comparação do estilo de vida do preguiçoso com a formiga (Pv 6:6-11). O paralelismo neste provérbio (Pv 10:4) está baseado no contraste entre os dois tipos de mãos, a preguiçosa e a diligente. Há uma questão relacionada às mãos que só pode ser percebida no texto hebraico. O termo para mãos quando elas são preguiçosas é kap (lit., palma da mão), mas quando elas são mãos diligentes o termo é yad (mãos no sentido genérico). As duas ocorrências prévias de kap aparecem exatamente no contexto onde a preguiça é o tema: “uma vez que você caiu nas mãos (kap) do seu próximo” (Pv 6:3). Além disso, o adjetivo traduzido por preguiçosas poderia também ser “enganosas, traiçoeiras”. Assim, qualquer que seja nossa interpretação deste provérbio, a ideia da mão preguiçosa parece ser a de uma mão estendida com a palma para cima (a posição de um pedinte). É óbvio que este não é o único significado de kap em Provérbios, mas quando não for este o caso o contexto nos dirá. Um exemplo representativo seria o caso das boas obras da mulher virtuosa no final do livro: “Acolhe os necessitados e estende as mãos (kap) aos pobres” (Pv 31:20). Neste caso, a imagem da mão estendida reflete obviamente um gesto de solidariedade. Em resumo, as mãos preguiçosas devem ser entendidas como mãos vestidas de algum tipo de engano que mascare o espírito inerente do preguiçoso.
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idelson vasco chavango
06/08/2016 at 14:23gostei