Estive pensando na origem do medo. Ninguém escolhe ter medo; a pessoa se vê já dominada pelas garras do medo quando percebe a sua presença. Uma rápida observação ao nosso redor pode nos mostrar que o medo não escolhe idade, gênero ou cultura; qualquer pessoa pode repentinamente ser tomada pelo medo. Quero pensar mais detidamente sobre isso nas próximas postagens, mas hoje gostaria de pensar na origem do medo. De onde vem o medo?
Será que o medo é algo inerente à limitação humana ou a natureza caída que carregamos desde Adão? Penso nisso por que, quando Deus conversava com Jó sobre o Leviatã, ele disse que “Na terra, não tem ele igual, pois foi feito para nunca ter medo” (Jó 41.33). Dentro do argumento apresentado no livro, fica claro que, se alguns seres não foram criados para ter medo, aqueles que têm medo já foram criados com essa vulnerabilidade. Nesse caso, ter medo seria algo inevitável porque faz parte de quem somos. A origem do medo, então, apontaria para nossa própria natureza humana. Será que é isso mesmo?
O medo, como reação natural do ser humano, revela nossa fragilidade diante de algo ou alguém que nos faz reconhecer a nossa finitude. Moisés tremeu de medo diante da sarça ardente e não ousou contemplá-la (At 7.32). Saul caiu por terra e foi tomado por grande medo quando consultou a vidente de Endor (1Sm 28.20). O próprio Adão teve medo de Deus ao ouvir a sua voz no jardim do Éden (Gn 3.10). Esses exemplos nos mostram que o medo é algo produzido pelo próprio ser humano em reação a algo ou alguém.
Essa não é a única explicação para o medo. Como disse, vou tratar desse assunto por várias semanas. Mas a primeira coisa que precisamos saber sobre o medo é que ele tem a ver com a condição humana atual. Somo seres caídos e propensos a sentir medo. Não fomos criados assim, mas estamos assim. Isso não é um consolo e nem explica muita coisa, mas é um ponto inicial importante para lidarmos com nosso medo: nunca estaremos imunes ao sentimento de medo.
É verdade que o sentimento de medo pode aumentar ou diminuir dependendo do conhecimento que temos de nós, dos outros e daquilo que está ao nosso redor. Por um lado, podemos dizer que não é pecado ter medo, como vimos no exemplo de Moisés diante da sarça. Por causa disso, jamais deveríamos subestimar o sentimento de medo que algumas pessoas enfrentam. O sentimento de medo é real e não uma invenção da cabeça das pessoas.
Por outro lado, podemos dizer que o medo pode ser canalizado para o bem, tornando-se em um elemento motivador para conhecermos melhor quem somos e quem são aqueles diante de quem nos atemorizamos. Faça bom uso do seu medo! Pense nisso. (Continua semana que vem).