Estive pensando no episódio em que Jacó lutou com o Anjo do Senhor até o romper do dia (Gênesis 32.22-31). A luta em si deve ter sido algo vexatório de se ver, pois um deles estava em extrema desvantagem. O motivo da luta, todavia, é algo que sempre me fez pensar nas batalhas que escolho lutar. Jacó estava a caminho para se encontram com seu irmão, com quem tinha uma contenda não resolvida. Seu plano era colocar todos seus filhos e mulher adiante dele, cada um com um presente para ser entregue ao seu irmão, tentando com isso preparar o coração e a disposição dele.
O encontro aconteceu depois que ele já tinha atravessado todos para o outro lado do rio e, quando ele foi passar, foi detido pelo anjo. Deter Jacó naquele momento significava estragar todo o plano elaborado para fazer as pazes com seu irmão. O plano era ruim, pois representava o estilo enganador que sempre marcou as conquistas de Jacó. Por razões que desconheço, Deus resolveu que não toleraria mais aquele estilo de vida a partir daquele dia. Ele não deixou Jacó passar e ainda feriu a articulação da sua coxa, comprometendo definitivamente suas habilidades humanas de lutar pelo êxito dos seus planos.
Muitas vezes Deus terá que nos ferir de forma definitiva para que desistamos do nosso estilo enganoso de lidar com a vida. Se pararmos para pensar, quem realmente estamos enganando? O Deus a quem servimos não se deixa enganar por nossas artimanhas. Estamos enganando a nós mesmos. Para interromper esse ciclo vicioso de enganação, Deus se opõe frontalmente aos nossos planos, deixando-nos sem uma saída. O grande problema de lutar contra Deus é que não teremos ninguém a altura para nos ajudar nessa batalha. Aos que escolhem lutar contra Deus, lembrem-se de que lutarão sozinhos.
Aqueles que observam a nossa luta com Deus não estão esperando ver quem sairá vitorioso, mas sim como será a nossa derrota. Jacó se mostrou, naquele dia, quebrado e quebrantado. O tendão da sua coxa foi ferido para sempre, mas seu coração foi quebrantado para fazê-lo erguer-se como um novo homem. A junta da coxa deslocada não o impediu de buscar a bênção de Deus com toda a força que lhe restava. Enquanto teve força em suas pernas, ele lutava na ilusão de conseguir o que queria. Agora, com sua junta deslocada, ele se arrasta implorando a Deus que a sua vontade soberana seja feita: “Não te deixarei se não me abençoar”. Pense nisso.