Há caminho que ao homem parece direito,
mas ao cabo dá em caminhos de morte. (Pv 14.12)
Este provérbio sempre me fascinou com sua proposta certeira de que precisamos estar mais atentos para o fim dos caminhos que conduzem nossas vidas. O contraste inicial apresentado aqui é entre aquilo que é avaliado pelo homem como direito (literalmente: direito aos olhos do homem) e aquilo que o final destes caminhos lhe reserva. Mas como vou saber qual o caminho que me conduz ao inferno e qual me conduz a Deus?
Primeiramente, creio que devemos entender uma coisa básica: o caminho da morte é sempre apresentado pelo seu lado atraente, e a razão porque este caminho não é o que ele aparenta a princípio é porque nem sempre podemos ver o seu fim. Este provérbio não fala quais são exatamente esses caminhos, mas sabemos por meio do que já foi apresentado que a morte em Provérbios está sempre relacionada com os seguintes itens: a) seguir no caminho da mulher adúltera; e b) abandonar ou rebelar-se contra a sabedoria de Deus. No primeiro caso, sabemos que os pés da mulher adúltera descem à morte e os seus passos conduzem-na ao inferno (Pv 5:5). Seguir em seus passos significa caminhar a passos largos rumo ao inferno; mas o início desse caminho é bem mais atraente: seus lábios destilam favos de mel, e as suas palavras são mais suaves do que o azeite (Pv 5:3). Ela lhe sai ao encontro, com vestes de prostituta e astuta de coração, aproxima-se dele, beija-o e lhe diz: “Vem, embriaguemo-nos com as delícias do amor, até pela manhã; gozemos amores” (Pv 7:18). Neste trecho do caminho não há morte nem vestígios de inferno, mas doçura, deleite e prazer.
Não é fácil convencer alguém que contempla apenas este ponto do caminho de que tudo isso acabará em tragédia e morte. Mas é exatamente por isso que o provérbio nos adverte a observar: não o começo, mas o fim do caminho. É o seu fim que nos mostrará a sua natureza destrutiva. Segundo Provérbios, há um excelente modo de averiguar o destino final de um caminho – olhar para os que já passaram por ele. O caminho da mulher adúltera sempre deixa seu rasto, conforme lemos: “porque a muitos feriu e derribou; e são muitos os que por ela foram mortos” (Pv 7.26).
Um aspecto que muitos não percebem é que a cena descreve não o relacionamento entre adolescentes ou jovens, mas sim de um adultério; a mulher que sai em busca do jovem é uma mulher casada. O mesmo se aplica aos homens. O provérbio poderia muito bem dizer: O homem casado, sem vergonha, que não se cansa de olhar para as meninas mais novas. É para esse homem que o texto de Pv 14:22 está se dirigindo: Há muitos homens e/ou mulheres que ainda acreditam que este tipo de caminho parece direito. Este provérbio é uma crítica ao homem ou mulher maduros e não uma advertência aos moços.
Daniel Santos
2 Comentários
Anônimo
11/14/2012 at 22:39Obrigado pelo texto. Boa noite. Rev. Marcos André Marques
Rev. Marcos Ocanha
11/15/2012 at 13:58Como sempre meu amado mestre, seu trabalho de interpretação é excelente, abraços