Estive pensando nas palavras iniciais da oração que Cristo ensinou aos seus discípulos: “Pai nosso que está nos céus” (Mateus 6.9). Essas não são apenas palavras de abertura ou uma forma de tratamento com o pai celeste. Considerando que essa oração veio em resposta ao pedido dos discípulos para que Jesus lhes ensinasse a orar, cada parte dela deve ser entendida como tendo um valor pedagógico. O que exatamente essas palavras iniciais nos ensinam?
Primeiramente, Jesus nos ensina que oração é um diálogo fraterno, carregado de elementos relacionais importantes. Ao iniciar a oração se dirigindo a Deus como ‘pai’, somos lembrados e ensinados do vínculo que temos com nosso pai celeste e eterno. Que Jesus se dirigisse a Deus como seu pai, não é difícil de entender, mas encorajar seus discípulos a fazer o mesmo é algo surpreendente. Nada de “vossa majestade” ou “sua excelência”; simplesmente “pai”. Qual é o tipo de relacionamento que você tem com Deus?
Em segundo lugar, Jesus usa o pronome “nosso” para se referir ao pai que está nos céus. “Nosso” é uma referência aos filhos. Diferente de “meu pai”, o que apontaria para uma exclusividade, “nosso pai” estende a destra da paternidade a muitos que semelhantemente se dirigem ao mesmo pai. Veja, Jesus não fez essa oração, ele não orou ao pai essa oração. Ele está ensinando seus discípulos a se dirigirem a Deus em oração. Por isso, essa é uma boa lição para se aprender: não somos o único filho desse que chamamos de pai; somos muitos. Não há privilégios nem preferências. Ele é o “nosso pai”.
Em último lugar, essas palavras iniciais nos desafiam a olhar para cima e para além da nossa realidade imediata: o nosso pai que está nos céus. Ironicamente, aquele que ensinava essa oração aos discípulos era o Deus encarnado, o qual se fez carne e habitou entre nós. Por causa disso, Jesus poderia ter dito: “peçam a mim!” Ou, “orem a mim que estou aqui com vocês!” Mas ele não disse isso. Sua instrução foi a de olharmos para cima e não nos esquecermos daquele que está nos céus. Enquanto esteve aqui na terra, Jesus revelou uma enorme sintonia e sincronia com aquilo que o seu pai fazia nos céus. E você?
As palavras iniciais dessa oração não são o caminho das pedras para acessarmos o coração de Deus, mas sim um exemplo de abordagem que nos faz levantar os olhos para os céus antes de pedirmos qualquer coisa. Pense nisso.