Pirataria moral

 

Quem anda com integridade anda com segurança,
mas quem segue veredas tortuosas será descoberto. (Pv 10.9)

Há realmente uma relação entre a segurança e a integridade? Se há, tal relação não parece ser tão óbvia. Por que aquele que anda com integridade anda com segurança? A que tipo de integridade e a qual tipo de segurança o provérbio está se referindo?

A ideia de integridade relacionada ao caminho de uma pessoa é um tema que aparece pela primeira vez no livro de Provérbios no discurso da Sabedoria, em Pv 1.33. Lá a Sabedoria adverte: “mas quem me ouvir viverá em segurança”. De igual modo, os pais que instruem o filho em Pv 3.23 garantem que a obediência trará o mesmo resultado: “Então você seguirá o seu caminho em segurança, e não tropeçará” (Pv 3.23). Em ambos os casos a integridade parece estar relacionada à obediência aos mandamentos do Senhor. Todavia, isto ainda não responde a pergunta inicial “Qual é a relação entre andar com integridade e a segurança”?

Algumas versões traduzem a segunda linha deste provérbio como “aquele que corrompe o seu caminho será descoberto” ao invés de “quem segue veredas tortuosas será descoberto”. Esta tradução é possível e até mais literal. Há uma diferença muito grande entre a) seguir um caminho que já está torto e b) entortar o seu caminho para então seguir nele. Este provérbio provavelmente está se referindo ao segundo caso. Há pessoas que fazem questão de corromper seu próprio caminho para poder seguir nele, e ao faze-lo acabam levando outros a segui-lo na mesma tolice.

Essa prática é conhecida também como “pirataria”. Para se fazer uso indevido de um equipamento ou procedimento, é necessário corromper a integridade original do equipamento, tornando-o “habilitado” para fazer aquilo que se deseja. Corromper e “destravar” a integridade do caminho que Deus preparou para o ser humano andar afeta diretamente a moral humana. É por esta razão que chamo isso de pirataria moral. O motivo porque ele mais cedo ou mais tarde será descoberto, como adverte o provérbio, se deve ao exemplo daqueles que andam com integridade. A caminhada do íntegro acaba servindo de parâmetro para que outros vejam que não vale a pena corromper o seu próprio caminho.

A segurança, então, tem a ver com a certeza de que não estamos sendo enganados, não estamos enganando outros e nem a nós mesmos. Pirataria moral é pecado. Os que fazem isto deveriam ser punidos. Enquanto isto não acontece, o exemplo de segurança daquele que anda em integridade pode nos trazer benefícios concretos e duradouros.

Daniel Santos

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Professor, pesquisador e pastor. Amo ouvir, refletir e divulgar boas ideias. Creio, sigo e sirvo o Deus que se revelou nas Escrituras do Antigo e Novo Testamentos.

3 Comentários

  • Fulano

    08/30/2012 at 15:54

    Não há diferença entre “aquele que corrompe seu caminho” e aquele que “segue veredas tortuosas”, pois, enquanto o caminho é a verdade, corrompe-lo implicaria em aceitar a ilusão e tê-la como caminho, e isto, é o mesmo que seguir veredas tortuosas. Ou seja, em ambos os casos se trata de seguir o que não é verdade. Corromper, neste caso, é simplesmente evitar, mesmo porque, a verdade não pode ser corrompida; só pode ser ocultada. “Aquele que corrompe seu caminho”, é aquele que fez distinção entre seu caminho e a verdade.
    Entendo seu descontentamento, mas, opor-se ao engano, não significa desejar punição. Significa evidenciar a verdade.

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    • Daniel Santos Jr

      08/30/2012 at 16:28

      Aluízio, fiquei lisonjeado pelo nível do seu comentário. Obrigado pelo feedback. Quanto à distinção entre “corromper” e “seguir”, o elemento chave no paralelismo é a “ação envolvida”. Você está correto em afirmar que ambos estão aceitando a ilusão de seguir um caminho que sabem não ser verdadeiro. Obrigado pela dica. Ainda assim, creio ser importante ressaltar a mensagem original do provérbio (que foi escrito originalmente em hebraico) voltada para a ação intencional e premeditada de corromper a fim de se beneficiar.

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